Este maldito vírus, além de nos trazer danos irreversíveis à saúde, levando muitos a óbito, tem uma capacidade enorme de criar conflitos, dúvidas e discórdias. Existe discórdia quando à nacionalidade do vírus, quanto à letalidade do vírus, quanto a faixa etária infectada pelo vírus, quanto ao tratamento precoce, quando aos cuidados para não ser infectado pelo vírus. O que é pior, num país que antes era composto por mais de duzentos milhões de técnicos de futebol, agora somos mais de duzentos milhões de infectologistas, com pós graduação em Corona. Apareceu um verdadeiro compêndio de receitas; chá de limão com alho e mangarataia, leite de amapá com mastruz, duas gotas de creolina num copo d’água, que tem que ser bebido em jejum e fora as INAS da vida, que prefiro omitir os nomes para não ser taxado de gado bolsonarista. E o que é pior ainda, somos mais de duzentos milhões, com pedras nas mãos, procurando um culpado para linchar. Tentamos culpar o prefeito, o governador, os ministros da saúde e até o Presidente da República, fazendo surgir até uma palavra modinha que é negacionismo. Agora, descobrimos que o culpado foi o desfile de carnaval que, na minha opinião, de muito mau gosto, mas protegido pela liberdade de expressão, que é uma das glórias da democracia, exibiu cenas envolvendo Jesus, numa luta pessoal contra o diabo e sendo salvo por um arcanjo qualquer, que mora em Nilópolis, na baixada fluminense. O vírus foi detectado na China, ainda em 2019, muito antes do carnaval brasileiro, vitimou pessoas em quase todos os países do mundo, o que descarta a possibilidade de ser uma punição de Deus, por conta da justa insatisfação de ver a imagem do seu único e amado filho sendo mostrada na avenida. Se assim o fizesse, a reputação de Deus, como sendo a essência do amor, estaria comprometida. Se Deus tivesse feito chover fogo e enxofre sobre a passarela do samba, queimando todos os envolvidos com o nefasto desfile, tiraria o meu chapéu. Mas se vingar da Escola de Samba punindo inocentes em volta do mundo e ainda punindo muitos homens santos, mulheres santas, padres, pastores e pessoas que nem sequer assistiram ao desfile, não é, nem de longe, a imagem de um Deus de amor e justiça. Lembrando que no episódio bíblico da destruição de Sodoma e Gomorra, cuja iniquidade tirou a paciência de Deus e fez com que Ele fizesse juízo sobre elas, o juízo foi somente sobre as duas cidades; Deus não puniu o mundo. Mas, se é realmente necessário que encontremos um culpado, precisamos ler o livro do Profeta Ezequiel 16:49 – Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado. Vamos analisar separadamente?
Soberba – A humanidade perdeu de vez a humildade e a dependência de Deus. Achamos que podemos conseguir tudo com a nossa inteligência, força e dinheiro.
Fartura de pão – É uma metáfora para a ganância. A ganância hoje está travestida de busca por uma vida melhor, pela prosperidade.
Abundância de ociosidade – Efésios 2:10 – Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado – Egoísmo.
Você há de concordar comigo que estamos vivendo os mesmos pecados que levaram Sodoma e Gomorra à destruição. Então, temos que refletir mais no nosso papel, nas nossas atitudes, no nosso “amor”. E, plagiando, de novo, um trecho da música Brigas, eternizada na voz do grande Altemar Dutra: O amor
Em momentos assim
Morre um pouquinho mais
E ao morrer então é que se vê
Que quem morreu fui eu e foi você
Pois sem amor (Deus)
Estamos sós
Morremos nós.
EDSON BB DE JESUS – mea culpa.
