CRACOLÂNDIA – DESCASO DO PODER PÚBLICO OU UM DESAFIO À IGREJA.
Temos assistido, ultimamente, a uma série de reportagens sobre a Cracolândia. Duvido que alguém não fique comovido, intrigado, perplexo, embasbacado e terrivelmente chocado com as cenas fortíssimas da mais perversa degradação da raça humana.
São seres vagantes, sem vida, sem dignidade, sem respeito, sem amor, sem a mínima noção de quem são, de onde vieram e para onde vão. Servem de chacotas para uns, de nojo para outros, de insegurança para tantos outros e até de votos para os políticos inescrupulosos, exploradores da miséria humana. Já não pensam, não raciocinam, não sentem. O seu único ideal é a pedra.
Fico imaginando quantos músicos, artistas plásticos, médicos, serralheiros, pedreiros, policiais, bombeiros, pastores e até, com licença da má palavra, políticos, estão ali enterrados vivos.
Na última campanha presidencial o assunto que ficou mais badalado foi o aborto. E estas pessoas que foram abortadas das suas famílias, dos seus sonhos, dos seus ideais, das suas oportunidades, das suas esperanças e das suas dignidades?
Enquanto isto, o governo se declara impotente, a polícia nada pode fazer, o judiciário culpa o legislativo, as Ongs se promovem e um pequeno grupo de crentes vai de madrugada levar sopa, enquanto entoa hinos de louvores e se faz uma pregação evangelística, numa ingênua contribuição com a proliferação do crack, já que os usuários tomam a sopa, renovam as energias e voltam para a droga.
Esta luta não é contra carne e o sangue; é contra principados, potestades, contra poderes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade nas regiões celestiais. E contra estas forças, não adianta falar em políticas públicas, repressão ao tráfico de drogas, mudanças de leis, construção de centros de recuperação; somente a igreja de Jesus pode vencer esta batalha.
Está na hora da igreja sair das quatro paredes e enfrentar uma guerra verdadeira, sendo o sal fora do saleiro. Não estou me referindo a fazer caridade, distribuindo sopa, roupas usadas e cobertores. Estou falando em colocar em ação o poder profetizado pelo profeta Joel, ratificado em Jesus e consumado em Atos capítulo 2.
Não estou sugerindo aos pastores pleitearem cargos eletivos para que possam criar leis que viabilizem o projeto de erradicar com o crack. Não é isto. Estou desafiando aos pastores provarem que receberam poder ao vir sobre eles o Espírito Santo e agirem como Pedro e João na porta do templo, chamada formosa, que ao serem abordados pelo paralítico, de pronto responderam: “Não tenho prata e nem ouro, mas tudo o que tenho lhe dou: levanta-te e anda”.
Este desafio é somente da igreja. Está na hora de mostrarmos o nosso amor por vidas e não por dízimos. Está na hora de decretarmos, de exigirmos restituição, de pisar a planta do nosso pé. Temos a receita e sabemos qual o caminho a ser percorrido:
“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra”. 2 Crônicas 7:14.
“Se estes se calarem – os discípulos de Jesus, a igreja – as pedras clamarão” (Lucas 19.40). As pedras já estão clamando; as pedras de crack.
EDSON E LENIR DE JESUS – São Pastores da Igreja Batista Bíblica de Flores – Manaus – AM.
