Esses dias estava rolando uma festa famosa com várias sub-celebridades em Fortaleza. E apesar da transmissão ao vivo, por vários dias, dando a entender que tinha droga pra dar e vender, não bateu um policial lá sequer.

Se fosse festa de pobre, em uma favela, os participantes teriam tanta liberdade assim? Acho improvável.

A culpa deste tratamento diferenciado não é do policial, que é um trabalhador como outro qualquer, com contas pra pagar. O problema real é da mentalidade predominante neste sistema criminal, que tem alvos certos, com cor e classe social bem definidas.

Se um policial se arrisca a fazer a lei ser cumprida contra alguém influente, é capaz de ser demitido. Porque contra pobre é fácil usar a mão pesada do Estado, ninguém vai lutar por eles. Mas com rico na história, tudo muda.

A guerra nunca foi às drogas. A guerra sempre foi aos pobres. As drogas são apenas a “desculpa lícita” que o Estado tem para matar e encarcerar pobre. Depois que está morto ou preso, basta usar a palavra “traficante”. Pronto, está tudo resolvido. A sociedade aplaude, e a vida segue.

Na “guerra às drogas”, não há vencedores. Todos já fomos derrotados.