O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização que teve origem no Brasil em 2015 e, desde então, se expandiu globalmente. A cor amarela foi escolhida como símbolo por representar a vida e a esperança, pilares fundamentais dessa iniciativa. Neste texto, exploraremos a relevância do Setembro Amarelo e como todos podem contribuir para essa causa vital.
Durante este mês, uma série de eventos e atividades é promovida com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a prevenção do suicídio. Um dos principais aspectos enfatizados pelo Setembro Amarelo é a importância do diálogo aberto sobre a saúde mental. Em uma entrevista à redação do portal, a psicóloga, arteterapeuta e neuropsicóloga, Julia Soutello, explicou a importância e o objetivo principal da campanha.
“O propósito de todas as ações realizadas durante o Setembro Amarelo é conscientizar a população sobre a importância da preservação da vida, informando que o suicídio pode ser evitado e como fazê-lo, com ênfase nos cuidados com a saúde mental”, explicou a especialista.
O suicídio é um problema de saúde pública global. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 800 mil pessoas tiram suas próprias vidas a cada ano, com muitas outras tentativas sem sucesso. Nos últimos anos, a pandemia de COVID-19 exacerbou os desafios da saúde mental, tornando a prevenção do suicídio ainda mais crucial.
O suicídio ainda é um tabu, e muitas pessoas que lutam contra pensamentos suicidas se sentem isoladas e incapazes de compartilhar suas emoções com amigos e familiares. Esta campanha encoraja a sociedade a criar um ambiente seguro e de apoio, destacou a especialista.
“Pouco se fala abertamente sobre o assunto, e é essencial abordá-lo, enfatizando a importância de evitar o julgamento das condições sociais e dos comportamentos, para que possamos ajudar as pessoas em situação de sofrimento, alertando a população sobre a realidade da prática no Brasil e no mundo.”
Julia Soutello também ressaltou a importância de abordar essa temática nas escolas para auxiliar crianças e adolescentes na identificação de seus estados emocionais.
“Todos nós podemos fazer algo a respeito. A escola, por exemplo, pode abordar esse tema fornecendo informações e oferecendo uma educação abrangente que ajude crianças e adolescentes a identificar seus estados emocionais, expressá-los de maneira construtiva e buscar ajuda sempre que se sentirem desconfortáveis ou incapazes de lidar com as emoções”, acrescentou.
Quando questionada sobre a existência de um perfil pré-determinado de pessoas propensas ao suicídio, a psicóloga afirmou que sinais de alerta como tristeza excessiva e mudanças bruscas de humor são indicativos a serem observados. “Existem fatores de risco, como tristeza profunda, variações abruptas de humor, um período de calma após uma longa depressão, tentativas de reconciliação com pessoas próximas, fixação na ideia de fazer um testamento e a presença de transtornos mentais não tratados. A existência de histórico de tentativas anteriores é um sinal de alerta que deve ser levado muito a sério. Essas são algumas atitudes que podem indicar um comportamento suicida.”
Ao encerrar a entrevista, a especialista destacou algumas recomendações importantes que podem ajudar no tratamento e na prevenção desses casos.
“É fundamental não deixar essas pessoas sozinhas até que estejam em um ambiente seguro e buscar compreender as relações próximas, como familiares e amigos. Incentivar, sempre que possível, a avaliação por um profissional de saúde mental, como um psiquiatra ou psicólogo.”
“Como arteterapeuta, afirmo com convicção que a Arte pode ser uma ferramenta na prevenção do suicídio. Através das linguagens artísticas na arteterapia, surge a capacidade de expressar o que há de mais íntimo em cada um de nós, trabalhando nossas emoções de maneira lúdica, leve e prazerosa, proporcionando a oportunidade de experimentar a beleza de viver”, concluiu.
Por: Camili Vitória