Justiça condenou Jorge Luiz Morais de Oliveira por cometer assassinatos em 2015. Julgamento dele começou na quarta-feira (16), e terminou nesta quinta feira (17). Pintor já havia sido condenado antes por matar dois homens nos anos 1990 e por estuprar uma mulher há 6 anos.
Após dois dias de julgamento, o serial killer conhecido como “Monstro da Favela Alba”foi condenado nesta quinta-feira (17) a pena de 103 anos de prisão por matar cinco pessoas (quatro mulheres por asfixia e um homem esfaqueado) e enterrar os corpos na sua casa, em 2015, na Zona Sul de São Paulo.
Antes o pintor de paredes Jorge Luiz Morais de Oliveira já havia sido condenado a 17 anos e 9 meses de prisão de por matar dois homens nos anos 1990. Acabou solto em 2013, quando cumpriu a pena. Mas em 2015 voltou a cometer crime: estuprou uma mulher, que sobreviveu. Ela o reconheceu e ele foi condenado em 2020 a 6 anos de prisão pela violência sexual.
Jorge está preso desde 2015. Pela lei, ninguém pode ficar mais de 40 anos preso no Brasil.
O júri popular que o condenou a mais de 100 anos começou na quarta-feira (16) no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. O caso repercutiu à época depois que corpos e ossadas foram encontrados pela polícia.
Jorge foi condenado pelos assassinatos de Renata Christina Pedroza Moreira, Paloma Aparecida Paula dos Santos, Andrea Gonçalves Leão, Natasha Silva Santos e Carlos Neto Alves de Matos.
Em 1996, Jorge já havia sido condenado na Justiça por dois outros assassinatos, cometidos na região do Jabaquara em 1994 e 1995 (quando, respectivamente, atirou num homem e usou um taco de sinuca e um bloco de concreto contra outro). Ele recebeu penas somadas de 17 anos e 9 meses de prisão pelos assassinatos. Acabou solto em 2013 após cumprir a pena.
Em liberdade, Jorge voltou a ser acusado de outro crime: o estuprar uma mulheres 2015 dentro da residência dele, que ficava na Rua Professor Francisco Emydio da Fonseca Teles, perto da Rua Alba, que dá nome à comunidade do Jabaquara. Neste último caso, a mulher sobreviveu e o denunciou às autoridades. Ela contou que viu cadáveres enterrados numa espécie de cemitério clandestino dentro do imóvel de 20 metros quadrados.
Depois disso, a polícia, que procurava pessoas desaparecidas na região, foi ao local e desenterrou vários restos mortais. Também foram encontradas roupas e objetos das vítimas na residência. Jorge foi preso ainda em 2015 pelos assassinatos. À época, ele confessou inicialmente ter matado seis pessoas. Mas exames de DNA só identificaram cinco dessas vítimas. Os testes não encontraram o material genético da sexta vítima nos ossos.
Depois, em audiência judicial, Jorge negou quatro desses assassinatos e admitiu apenas um homicídio, alegando que esfaqueou um homem em legítima defesa.
Segundo o Ministério Público, as cinco vítimas do serial killer eram homossexuais ou usuárias de drogas. De acordo com a acusação, Jorge as matava por esses motivos. Ele as convidava para sua casa, algumas com o pretexto de que iriam consumir entorpecentes, depois as matava, de acordo com a acusação.
Em 2020, Jorge foi julgado e condenado a seis anos de prisão pelo estupro cometido em 2015 contra a mulher que sobreviveu ao seu ataque. Atualmente, ele está detido na Penitenciária de Lucélia, no interior paulista, segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP).
Número de vítimas pode aumentar
Funcionários da Sabesp encontraram ossada humana em muro de casa no Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo — Foto: Divulgação/Polícia Civil
O Ministério Público acusa Jorge de ter atacado 8 pessoas. Desse total, ele é acusado de ter matado sete pessoas e de ter violentado outra sexualmente. Mas o número de vítimas pode aumentar.
Isso porque, desde novembro de 2021, ele passou a ser investigado novamente pela Polícia Civil. Desta vez, pela suspeita de ter emparedado uma ossada humana (um maxilar e fragmentos ósseos). Ela foi encontrada no muro de uma casa que Jorge ajudou a construir, também na Zona Sul de São Paulo.
A descoberta dos restos mortais foi feita por funcionários da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) durante obras na calçada próxima a uma residência na Rua Celina Barros Silveira, no Jabaquara.
A sexta vítima desaparecida que foi descartada pela Justiça em 2015 é o prestador de serviços Kelvin Dondoni Cabral da Silva. Ele tinha 23 anos quando sumiu na Favela Alba. De acordo com a investigação, o jovem foi consumir drogas na comunidade e não apareceu mais.
Até a última atualização desta reportagem, Kelvin não havia sido localizado pela polícia. A suspeita é a de que ele tenha sido morto por Jorge, que chegou a confessar que matou o rapaz em 2015. Mas para confirmar isso oficialmente, a investigação precisa encontrar o corpo ou algum vestígio de que ele foi assassinado, o que ainda não ocorreu.
É por esse motivo que as ossadas encontradas em 16 de novembro do ano passado no muro se tornaram importantes para os policiais que apuram o sumiço de Kelvin. Eles querem saber se os ossos são do rapaz desaparecido.
A ossada foi levada para testes de DNA noInstituto Médico Legal (IML), mas os resultados dos exames ainda não ficaram prontos. Eles poderão confirmar se a ossada é de Kelvin ou ainda se pertence a alguma das outras cinco vítimas identificadas anteriormente. A maior parte dos restos mortais encontrados está incompleta.
Outra possibilidade é a de que os ossos achados no muro sejam de alguma outra vítima.