Foto: Alexsander Ferraz/A Tribuna Jornal

A Prefeitura de Santos, no litoral de São Paulo, informou que o discurso do prefeito Rogério Santos (PSDB) sobre a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) atender mais de 50% da população de São Vicente foi “espontâneo”. O percentual, na verdade, é menor. Segundo levantamento do município feito entre janeiro e junho deste ano, 35% dos pacientes internados em leitos se autodeclararam moradores da cidade vizinha.

A fala do político gerou incômodo no prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Pode), que deixou o palco durante um evento de entrega de chaves em um conjunto habitacional na cidade que administra. A cerimônia contou com a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

“A nossa UPA, prefeito Kayo, atende mais de 50% da população de São Vicente”, afirmou Rogério Santos durante o evento na cidade vizinha.

O dado percentual de 35% de moradores de São Vicente atendidos e internados na UPA da Zona Noroeste foi informado, em nota, pela Prefeitura de Santos. O município leva em conta o atendimento de santistas e moradores de cidades vizinhas. A administração da cidade, no entanto, não informou dados das outras duas UPAs na cidade [Central e Leste], que ficam mais distantes de São Vicente.

Questionada sobre a diferença entre os números enviados em nota e o discurso de Rogério Santos, a prefeitura alegou que a frase dita pelo político fez “parte de um discurso espontâneo” (confira o posicionamento completo mais adiante).

Números da prefeitura

Conforme informado pela administração municipal, Santos tem 418.608 habitantes, de acordo com os últimos dados do Censo IBGE (2022).

A prefeitura pontuou que, ao todo, a cidade tem 72 unidades assistenciais de saúde que atendem a população pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Deste total, cinco unidades podem atender moradores de outras cidades (porta aberta SUS): as três Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e as duas maternidades (Complexo Hospitalar dos Estivadores e Maternidade Silvério Fontes).

A rede hospitalar do município, ou seja, hospitais municipais e leitos conveniados com hospitais beneficentes (Santa Casa e Beneficência Portuguesa), também atende moradores de outras cidades que tenham passado pelo primeiro atendimento em uma das três UPAs municipais e foram transferidos para leitos hospitalares custeados pela Prefeitura de Santos.

A administração municipal ressaltou que, de janeiro a junho deste ano, a UPA Zona Noroeste atendeu e encaminhou para internações em leitos da cidade 431 pessoas que se autodeclararam moradores de outros municípios. Destes, 318 se identificaram como residentes em São Vicente.

“Os moradores de São Vicente equivalem a 73,7% das internações de pessoas de outras cidades [sem levar em consideração os munícipes de Santos] atendidas na UPA Zona Noroeste”, acrescentou, em nota.

Sobre o levantamento de janeiro a junho deste ano que aponta que 35% dos pacientes internados em leitos municipais de Santos se autodeclararam moradores de São Vicente, a prefeitura ressaltou que “não é pedido comprovante de residência para o atendimento nas UPAs”.

A Secretaria de Saúde de Santos, por fim, destacou que as duas cidades trabalham em parceria, sendo que um número expressivo dos atendimentos na UPA Zona Noroeste é originário da cidade vizinha, como consta no levantamento.

Prefeitura, sobre o discurso

“Destacamos que a frase fez parte de um discurso espontâneo, cujo objetivo já foi mencionado na nota anterior [descrita acima]. O termo ‘população’ não foi uma referência à população geral de São Vicente, mas sim às pessoas atendidas na UPA Zona Noroeste”, declarou a prefeitura.

O município reafirmou a própria posição metropolitana na atenção em Saúde e enfatizou que “praticamente a metade dos atendimentos realizados na UPA da Zona Noroeste (49%), seguidos de internação no sistema municipal, corresponde a pessoas de outras cidades”.

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