SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O cancelamento do show de Roberto Carlos no estádio do Pacaembu, na última sexta (19), deixou ainda mais tensa a relação entre a Prefeitura de São Paulo e a concessionária Allegra Pacaembu, responsável pelo estádio. No entanto, nenhuma das partes manifesta o desejo de rescindir o vínculo válido até 2054.

A relação degringolou sobretudo desde de setembro de 2022, quando o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que não entregaria à empresa a praça Charles Miller, monumento que fica em frente ao estádio.

Essa foi a principal reivindicação da Allegra ao propor uma reedição do contrato em 2022 em razão de possíveis prejuízos em decorrência da pandemia de Covid-19. Na ocasião, a concessionária também pleiteou desconto de 70% na outorga, o equivalente a R$ 10 milhões, e que a praça de quase 55 mil metros quadrados fizesse parte ao contrato.

A empresa tem um projeto para instalar no local o que anuncia como “a primeira piscina de ondas pública do mundo”, cinco quadras esportivas, uma pista de skate, piscina infantil e brinquedos.

Na época, a empresa afirmou que teve um prejuízo total de R$ 22 milhões por três fatores: impossibilidade de realizar eventos durante a pandemia, erros no cálculo do tamanho do terreno e atrasos na emissão de licenças, autorizações e alvarás

O contrato entre prefeitura e Allegra foi firmado em 2019.

A gestão Nunes entendeu que a pandemia não deve ser motivo para aprovar um reequilíbrio econômico-financeiro no contrato. Também disse que a Allegra teve receita com a operação do estádio nos últimos anos e que a responsabilidade por elaborar estudos no terreno é da concessionária -antes de concorrer na licitação, a empresa assinou um termo declarando ter pleno conhecimento das condições da área.

Outro revés nos planos da concessionária ocorreu em janeiro deste ano, quando o estádio sediaria a final da Copa São Paulo. A partida teve de ser realizada em outro local em razão das obras. Na ocasião, a Allegra havia dito que as obras de modernização e restauro seguiam “em ritmo acelerado” e que a reabertura do Pacaembu se daria em fases ao longo do primeiro semestre de 2024.

O segundo semestre chegou e, com o cancelamento show de Roberto Carlos, mais uma vez a empresa viu seus planos ir por água abaixo.

A Prefeitura de São Paulo afirma que a decisão de vetar o evento ocorreu após vistoria do Corpo dos Bombeiros. “Os bombeiros não aprovaram. Infelizmente não poderá ter show. Não dá para liberar com risco de segurança às pessoas. São 3.000 pessoas”, disse Nunes à reportagem.

Já a concessionária Allegra Pacaembu disse que seguia todas as normas vigentes na cidade e que, por isso, não havia motivos para que o evento fosse cancelado.

A concessionária citou o decreto publicado no Diário Oficial da própria sexta, no qual a prefeitura autorizava a realização do show. O evento receberia no máximo 3.000 fãs.

Depois do decreto, Nunes solicitou nova inspeção do dos bombeiros e ameaçou interditar o estádio.