Foto: divulgação/Greenpeace

Não fosse a presença do recém-eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na 27ª sessão da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, essa edição do maior encontro anual sobre o clima acabaria sendo lembrada pela ausência de líderes fortes e pelos discursos mornos. As lentas e difíceis negociações climáticas, que se estenderam de 6 a 20 de novembro e tiveram alguns desfechos positivos, já adentravam a segunda semana quando Lula chegou ao  balneário egípcio de Sharm El-Sheikh, na costa do Mar Vermelho, para protagonizar um dos momentos mais marcantes da COP27.

Enquanto a delegação enviada pelo atual presidente Bolsonaro circulava cabisbaixa e descreditada pelas salas de negociações, Lula movimentou a conferência ao entregar um discurso que reposicionou a política externa brasileira e mostrou que o país está disposto a voltar com força total ao combate à crise climática.

Nos cerca de 30 minutos em que esteve no palanque, no dia 16 de novembro, o presidente eleito fez uma fala alinhada às demandas da ciência, dos povos tradicionais, das juventudes e da sociedade civil organizada. 

Ao se comprometer com o desmatamento zero, Lula acenou aos líderes mundiais que o Brasil, quinto maior poluidor do mundo, pode estar no caminho de eliminar a sua maior fonte de emissões de gases de efeito estufa. Alinhado também com as demandas dos países do Sul Global, que entendem que não há como combater a crise climática sem justiça climática, Lula colocou as pessoas no centro de seu discurso, defendendo um “mundo mais justo” e demandando mais recursos de países ricos às nações em desenvolvimento.

“Lula reafirmou de forma enfática seu compromisso com o desmatamento zero até 2030, com a transição energética, e disse que vai cobrar os US$ 100 bilhões em financiamento climático prometidos pelos países ricos para conter o avanço da crise climática. Lula se colocou como “cobrador” dos países ricos. O Greenpeace Brasil celebra saber que o Brasil, nas palavras do presidente eleito, terá um papel de destaque nas discussões sobre o clima. É um excelente começo. Mas seguiremos assumindo a postura que sempre tivemos: cobrando, e desta vez, do cobrador.”, resume Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil.

com informações do Greenpeace Brasil*