O que acontece na cama fica na cama? Não com a gente. Para nós a cama se tornou como a vida, a gente transa no toque, no beijo e no olhar. A gente aprendeu que a cama é a vida, os travesseiros é o dormir tranquilo sabendo que temos alguém incrível ao nosso lado, o lençol é a leveza com que nos admiramos e os cobertores somos nós nos aquecendo em dias onde tudo parece dar errado.

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Porque o destino não queria que fossemos apenas sexo, ele não lutou para nos apresentar querendo apenas que fossemos uma noite. Não, a vida sabia que podíamos mais… mesmo com os medos, mesmo com dúvidas, mesmo que pudesse dar errado, ainda assim tenho certeza que a vida nos apresentou esperando muito de nós. E olha só: Nós não estamos decepcionando.

O que acontece na cama, no quarto, no carro e no motel, não fica lá. O carinho e a entrega, o se importar tanto com o outro quanto consigo, tudo isso estamos levando para além da intimidade. Lá fora somos os mesmos que aqui dentro, porque é lá fora que o bicho pega, é nesse mundo selvagem que provamos o que é realmente se preocupar e apoiar o outro.

Tenho orgulho disso, de não deixar que a cama seja o pilar do que estamos vivendo. E se for preciso eu durmo no chão com você. Porque hoje eu sei que a vida não é sempre macia, quentinha e confortável.

Por vezes vai doer viver, mas que nunca nos falte o compromisso de sermos o sono tranquilo do outro. Que o amanhã nos traga coisas boas.

Porque só assim se pode ser feliz com alguém, indo além da cama, fazendo da vida nosso próprio cantinho de segredos e prazeres, sabendo que com o outro até o pior dos lugares é apenas um teste para merecemos juntos o melhor.

Felipe Sandrin é Músico e escritor, Tem três livros lançados: Amor Imortal (2008), Eu vi a rua envelhecer – coletânea de crônicas publicadas no SERRANOSSA (2015) e Sempre Haverá Junho (2017), além dos álbuns Lados Separados (2011) e Adeus Astronautas (2016), com canções próprias.

@felipe_sandrin