Enquanto o número confirmado de mortos chega a 55 e o de desaparecidos pode superar mil, sobreviventes da onda devastadora de incêndios que varre parte do Havaí tentam se recuperar do trauma do contato próximo com o fogo. Tee Dang estava dentro de um carro alugado com os três filhos e o marido na rua principal de Lahaina, na ilha de Maui, quando viu as chamas se aproximando.
A Guarda Costeira dos EUA (USCG, na sigla em inglês) precisou ir à água para resgatar os moradores, segundo informações de um comunicado de imprensa do condado de Maui. A Cruz Vermelha Americana abriu um centro de evacuação em Maui High School, disse o condado.
Quando veículos ao redor deles começaram a pegar fogo, eles decidiram pegar sua comida, água e telefones e correr em direção ao mar. Eles já haviam visto outras pessoas fazendo esse movimento, incluindo uma senhora idosa que precisou de ajuda para entrar no oceano. “Tivemos que entrar no mar”, disse Danga, que vive no Kansas. “Não havia alternativa, estávamos encurralados.”
Danga, o marido e os filhos de 5, 13 e 20 anos inicialmente ficaram perto da costa.
Conforme a tarde avançava e a maré subia, a água começou a jogá-la contra o paredão rochoso da costa, cortando gravemente sua perna. Quando a fila de carros na rua principal — “pelo menos 50”, segundo ela — começou a explodir, a família foi forçada a se mover para águas mais profundas em busca de abrigo dos destroços.
‘Se eu disser pule, pulem. Se eu disser corra, corram’
Eles ficaram na água por quase quatro horas. Era uma tarde de terça-feira, mas o céu estava escuro por causa da fumaça do incêndio. À BBC, ela narra a angústia para a família, que se perguntava se conseguiria sobreviver. A certa altura, um dos filhos de Dang desmaiou na água.
Eles acabaram sendo resgatados por um bombeiro que os conduziu pelas ruas em chamas. À frente de um grupo de cerca de 15 sobreviventes, o bombeiro dizia: “Nem sei se vamos conseguir. Apenas façam tudo o que eu disser. Se eu disser pule, pulem. Se eu disser corra, corram.” A família inteira sofreu queimaduras.
Depois de chegarem a um abrigo numa escola local, a família foi forçada a se mudar mais duas vezes — uma delas porque as chamas ameaçavam o local.