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É só você chegar em qualquer lugar cantando ‘abra sua porta’, que certamente alguém vai responder ‘deixa meu sax entrar’… o amazonense que nunca se contagiou com essa composição, que traz um ritmo bem característico da região – o ‘Beiradão’ -, que atire a primeira pedra.

Sempre se destacando por sua linguagem autêntica no sax alto e como um dos precursores desse movimento musical regional, o saxofonista amazonense Rudeimar Soares Teixeira, mais conhecido pelo seu nome artístico Teixeira de Manaus, morreu na manhã desta quinta-feira (18) após completar 58 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O artista lutava contra um câncer na hipófise (responsável pela controle da maioria das outras glândulas). A morte foi confirmada pela família.

Teixeira de Manaus foi um dos maiores vendedores de discos em vinil no Brasil durante na década de 80, o que o proporcionou a realização de shows em todo o país, tendo seus discos produzidos por gravadoras do Sudeste, mais especificamente em Rio de Janeiro e São Paulo.

O sucesso conferiu ao artista o Disco de Ouro em 1983. Desde então, o artista se consagrou como o maior saxofonista da região. Um dos percursores do ritmo conhecido como “música de beiradão”, por fazer referência às músicas tocadas durante as viagens de barcos pelos rios do Amazonas.

Em 2019 a música “Deixa o Meu Sax Entrar” foi escolhida, em votação popular promovida pela Rede Amazônica, como “a cara de Manaus”, superando clássicos como “Porto de Lenha”, de Aldísio Filgueiras e Torrinho.

A juventude de muitos amazonenses no interior do Estado foi sob o embalo de “Deixa meu sax entrar” e “Beiradão”, como é o caso do também músico e saxofonista amazonense Joaquim Fidel Graça, de 33 anos. Em entrevista ao portal Amazônia Press, ele revelou que teve Teixeira de Manaus como inspiração desde criança.

Foto: acervo pessoal

“Como sou daqui de Borba, o Teixeira vinha tocar praticamente todos os anos no Arraial de Santo Antônio daqui. Quando o meu primo era prefeito, sempre contratava o Teixeira. Parece que foi onze vezes pra vim tocar aqui. Ele tocava muito nas comunidades aqui por volta dos anos 80 para os 90. Para mim, foi a grande referência do saxofone”, declarou.

Complementou ainda: “O repertório dele, as músicas que estouraram nos anos 90, no qual ele vendeu mais do que Roberto Carlos, ainda hoje são muito apreciados e fazem muito sucesso aqui pelo interior e na capital. Ele é uma grande referência musical e cultural para o Amazonas. A música dele representa muito tudo isso… a cultura do interior como um todo, a cultura do homem que vive no interior, então ele é muito mais do e uma música e do que uma simples melodia. O legado, a arte e a música dele sempre serão muito importante para essa construção da identidade do cultural amazonense”