Aberto em 2003 em um espaço minúsculo da antiga praça de alimentação do Mercado Municipal de Curitiba, atualmente o Fujii é a escolha habitual de almoço de 9 entre 10 pessoas que trabalham com gastronomia. A certeza de uma refeição excelente cativou uma legião de fãs, que lotam o espaço interno e externo (compartilhado com outros estabelecimentos) do restaurante todos os dias.

Chef Vinícius Fujii / Caroline Grimm

Todo esse sucesso se deve ao chef e co-proprietário Vinicius Fujii, de 42 anos, que trocou a educação física e o judô (chegou a ser tricampeão paranaense de judô e uma vez vice-campeão nacional) pela cozinha. Filho do idealizador da casa Osvaldo Takeshi Fujii, Vinicius cursou gastronomia e trabalhou em diversos restaurantes japoneses de Curitiba, como o Miyako e os já extintos Ippon, Tatibana e Takô, antes de assumir o Fujii, em 2011. Em 2023 Vinicius chegou a ganhar o prêmio de Chef 5 Estrelas pelo Bom Gourmet.

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O gosto pela cozinha começou em casa, já que sua mãe, Ayami Nozu Fujii, sempre foi uma cozinheira de mão cheia. Além disso, seus avós maternos construíram uma igreja de origem japonesa (tenrikyo), na qual eram servidos almoços. Frequentada basicamente por imigrantes japoneses, cada um era encarregado de levar um pouco do que sabia fazer melhor.

Se a família trouxe a afeição pela gastronomia, o aprendizado das técnicas se deve ao chef japonês Toshiharu Tawamoto, que trabalhou anos no Japão e na Manchúria, e ao antigo proprietário do Miyako. Vinicius conta que comprava peixes e levava para o Miyako para aprender a destrinchar.

pratos com sushi e sashimis do Fujii em Curitiba / Caroline Grimm

Vinicius diz não ter um insumo preferido, mas que ele precisa ser o melhor disponível. Esse critério é facilmente observado nas suas seleções de sashimis (R$ 33 a R$ 124,50, a depender da proteína escolhida), niguiris e gunkans (R$ 29 a R$ 103 a dupla). Vieiras, uni (ova de ouriço), unagui (enguia de água doce), ikurá (ovas de salmão) – tudo impecável. A barriga de atum bluefin, perfeitamente marmorizada, derrete na boca.

Na sua primeira vez na casa (e, acredite, você irá querer voltar toda semana), recomendo que peça o Tirashi (R$ 170), que é um bowl com uma seleção de fatias dos peixes e frutos do mar do dia, além de ovas e algas, sobre o shari (arroz de sushi). Uma bomba de umami e de texturas, absolutamente viciante.

Temaki de uni e de ikura do Fujii / Caroline Grimm

Para os já iniciados na cozinha do Vinicius, e que estejam dispostos a novas experiências, provem o Maguronattodon (R$ 110): gohan (arroz branco) com atum cortado em cubos, marinado no shoyu, natô (soja fermentada), cebolinha e gema de ovo curada. Não à toa, é o prato preferido do chef.

O Fujii brilha também nos pratos quentes. Os lamens (R$ 59) são densos, potentes. O katsudon (R$50) traz uma copa lombo perfeitamente empanada e um delicioso ovo cremoso. Tem tempo somente para um lanche rápido? Peça o Katsusando (R$ 40), tradicional sanduíche japonês de shokupan com copa lombo empanada, molho tonkatsu caseiro, repolho e maionese.

Katsudon e Udon / Caroline Grimm

Sempre em busca de novos pratos, mas sem perder a tradição japonesa, Vinicius recentemente criou o Dashimakitamago com unagui, prato que faz parte do Omakase (R$ 400), e consiste em uma perfeita omelete japonesa recheada com unagui. Tem como melhorar?

Se você é um daqueles viciados em comida japonesa e quer saber quais são os insumos sazonais do Fujii, ou aqueles que estão na sua máxima qualidade, os acompanhe no Instagram, pois lá é postado tudo que chega no dia, e é comum ver vídeos do Vinicius destrinchando atuns inteiros.

O perfeito marmoreio da barriga de atum bluefin / Caroline Grimm

Quem pensa que sempre foi assim, no entanto, está enganado. O Fujii já passou por muitas dificuldades, e, por muito tempo, parecia improvável que um restaurante japonês à la carte, com um ticket não tão baixo, pudesse competir com os buffets por quilo e rodízios que se proliferavam pela cidade. A mudança ocorreu em 2015, quando o restaurante estava prestes a fechar, e Vinicius disse ao pai que gostaria de comprar um atum gordo inteiro, que pesava em torno de 90 kg. Por não terem recursos disponíveis para isso, seu pai conseguiu um empréstimo no banco para comprar o tal atum. Vinicius conta que, “por sorte”, eles tinham os clientes certos para chamar para consumir este atum. Mas, como diz o ditado, “nunca foi sorte, sempre foi muito trabalho”.

Mercado Municipal de Curitiba – Av. Sete de Setembro, 1865 – Box 194 – Centro, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3114-8393 / Aberto de terça a sábado, das 11h30 às 16h, e domingo das 11h30 às 15h. Omakase somente sob reserva antecipada.

*Os textos publicados pelos Insiders não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Sobre Caroline Grimm

 A criadora de conteúdo gastronômico Caroline Grimm / Caroline Grimm

Curitibana, médica de formação e gastrônoma de coração, Caroline Grimm também é criadora de conteúdo e acumula milhares de seguidores nas redes sociais. Como ela mesma descreve, vive para cozinhar, comer, beber e viajar – não necessariamente nesta ordem, mas sempre em busca das melhores experiências.

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