Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (2/6) que só vai assinar um acordo de livre comércio com a União Europeia se os países signatários aceitarem as condições do Brasil. A principal delas é não permitir participação externa nas compras governamentais.

“A gente tem que apostar na empresa brasileira. Os europeus querem que o Brasil abra as portas para as compras governamentais”, afirmou, ao destacar que cabe ao Estado garantir a sobrevivência da indústria nacional.

Em discurso durante visita à nova fábrica da Eletra, que produz ônibus elétricos, em São Bernardo do Campo (SP), o petista mirou as relações internacionais do Brasil. Lula está em São Paulo desde o início da manhã, onde cumpre extensa agenda.

Ele voltou a cobrar dos países desenvolvidos recursos prometidos para ajudar o Brasil e outras nações em desenvolvimento a protegerem florestas e reduzirem danos ambientais e climáticos: “Estou esperando até agora os US$ 100 bilhões”.

Lula já havia feito cobrança semelhante no início de maio, quando participou do encontro do G7, no Japão. Segundo o presidente, a promessa foi feita em 2009, na COP de Copenhague, mas até agora o dinheiro não chegou. O G7 é formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Em negociação há mais de duas décadas, a concretização do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) é uma das apostas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o terceiro governo.

O assunto esteve presente em todos os discursos do mandatário brasileiro durante viagem oficial à Península Ibérica, em abril, e em visitas de líderes europeus a Brasília.

Nos primeiros dias de gestão, Lula declarou que pretendia concretizar o tratado ainda no primeiro semestre deste ano. No entanto, o mandatário tem sido mais cauteloso nos últimos dias, ao dizer que “a proposta ainda é impossível de aceitar”.

O acordo de livre comércio entre os dois blocos está em negociação desde 1999, e foi assinado 20 anos depois, no início da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Esse documento, porém, ainda não foi ratificado; logo, não entrou em vigor.

Para que isso ocorra, o texto precisa ser aprovado pelos parlamentares de todos os países-membros dos dois blocos econômicos, além de passar por procedimentos internos de ratificação.

Fonte: Metrópoles