Serviço que promove e oferece internet banda larga de alta potência e baixa latência, chegando até mesmo em regiões mais remotas, a Starlink, empresa criada pela SpaceX, cujo fundador e CEO é o empresário Elon Musk, é a primeira e maior constelação de satélites do mundo. Desenvolvida para oferecer internet via satélite para todo o planeta, a Starlink é capaz de suportar transmissão, jogos on-line, chamadas de vídeo e muito mais.
Como a fornecedora líder mundial de serviços de lançamento, a SpaceX é a única operadora de satélites com a capacidade de lançar seus próprios satélites conforme suas necessidades. A empresa lançou o primeiro grupo de 60 satélites de telecomunicação Starlink em maio de 2019. Em fevereiro deste ano, a mega constelação formada por esses equipamentos já ultrapassa a marca de 4 mil satélites girando na órbita da Terra.
Ao se mudar da capital amazonense para um sítio localizado no quilômetro 135 da rodovia AM-010, o empresário e publisher da FA Agência de Comunicação, Francisco Araújo, se viu enfrentando dificuldades ao conseguir acesso a um sinal de internet. Na localidade, o sinal da rede móvel 3G é fraco e o empresário também testou alguns serviços mais moderados. Sem sucesso nas tentativas, Francisco ouviu falar na Starlink e viu que os serviços oferecidos são justamente para as pessoas que carecem de internet por residirem em locais onde não há cobertura e, muitas das vezes, a energia elétrica também é deficitária.
“Onde eu estava morando tem todas essas características: sinal ruim e a energia vai embora com frequência. O meu sítio fica bem distante do sinal 3G e, principalmente, de fibra ótica e aparelho funciona em qualquer localidade da região amazônica. A Starlink é para empresários que necessitam trabalhar online e também é de suma importância para fazendeiros, comunidades ribeirinhas, escolas mais distantes e afins”, pontuou.
Complementou ainda: “O valor do aparelho custa uma média de R$ 3 mil e a aquisição pode ser feita diretamente pelo site. Até então não havia algum representante dos serviços no Amazonas. Recentemente, o jornalista Ronaldo Tiradentes anunciou a representação da empresa e isso é algo sensacional, pois você já compra aqui e leva o equipamento consigo. A Starlink não perde a latência e quando o sinal cai, automaticamente, já direciona para um outro satélite. São inúmeros benefícios. Essa iniciativa veio exatamente para fazer essa revolução no nosso Amazonas e na Amazônia”.
Para ganhar agilidade no sinal, os satélites Starlink orbitam a Terra em órbitas baixar, como bem explica o pesquisador e professor do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Astronomia da Universidade do Estado do Amazonas (NEPA/UEA), dr. Nélio Sasaki. O especialista explica ainda o funcionamento do aparelho, visto que cada satélite Starlink é equipado com painéis solares para fornecer energia, além de uma série de equipamentos de comunicação, incluindo antenas de banda Ka, lasers de comunicação inter-satélite e antenas de alta velocidade que se comunicam diretamente com estações terrestres.
“A conexão à internet do Starlink é estabelecida quando um usuário conecta seu dispositivo (computador, notebook ou telefone) a uma antena pequena e plana (denominada de terminal do usuário). Esta antena pode ser instalada em um telhado ou em outro local aberto. A antena se comunica diretamente com os satélites Starlink em órbita, permitindo que os usuários acessem a internet em qualquer lugar em que a antena possa ser instalada, desde que tenha uma visão clara do céu”, explicou.
De acordo com Nélio Sasaki, são inúmeros os prós e contras dessa iniciativa de criar uma megaconstelação. Em seu ponto de vista, o maior ponto positivo se aplica ao alcance às áreas mais remotas e aponta o aumento de lixo espacial (termo usado para nos referirmos a qualquer objeto – feito pelo homem – que foi deixado na órbita terrestre (ou além dela) e que foi desativado como um dos principais pontos negativos.
“Essas megaconstelações de satélites permitem uma maior cobertura e conectividade global, alcançando áreas remotas e oferecendo serviços onde as redes terrestres não estão disponíveis ou não são viáveis. Também há uma redução da latência, visto que satélites em órbitas baixas possuem um atraso no sinal, menor do que aquele fornecido pela infraestrutura terrestre. Portanto, a megaconstelação de satélites em órbita baixa garante a qualidade da conexão de internet. Fato que favorece o usuário que queira realizar uma videoconferência ou até mesmo participar de eventos em tempo real, tais como jogos on-line. A iniciativa também permite uma melhor observação da Terra, neste caso, as imagens e os dados coletados podem ser usados em estudos ambientais, previsão meteorológica, geoprocessamento, etc. Sem contar que, com o avanço da tecnologia, os custos de lançamento e fabricação de satélites estão caindo, o que pode tornar as megaconstelações mais acessíveis para empresas de pequeno porte e até startups”, disse ele ao sinalizar os principais pontos positivos.
Complementou ainda: “Os pontos negativos estão no aumento de lixo espacial, visto que, com uma quantidade significativa de satélites artificiais em órbita, o risco de uma colisão entre eles aumenta e consequentemente, havendo uma colisão, a quantidade de detritos também aumenta; Essas megaconstelações de satélites também podem interferir nas observações astronômicas, produzindo reflexos e brilhos que podem prejudicar a visibilidade do céu noturno e dificultar a captura de imagens precisas do espaço; Com a maior quantidade de satélites em órbita, também aumenta o risco de interferência e ciberataques, afetando a segurança da navegação por satélite, comunicações e outras operações críticas; e a produção de satélite e seu lançamento em órbita podem impactar o meio ambiente através da emissão de gases de efeito estufa e o uso de recursos naturais renováveis”.
Para o especialista, apesar da Humanidade não ter descoberto uma maneira de fazer a tecnologia avançar – sem que a poluição no planeta e no Sistema Solar se torne frequente – é fundamental que a internet chegue nas áreas mais remotas da Terra. Nélio Sasaki frisa ainda que a iniciativa se faz necessária, em particular, para o Estado do Amazonas, que é carente em tal aspecto.
“Até 2021, inexistia uma empresa que fornecesse internet de qualidade para o interior amazonense. A internet prometida pela Starlink surge como uma boa opção para aproximar Universidades e Escolas, fomentar cursos on-line e videoconferências para nossos docentes das Secretarias Municipal e Estadual de Educação, universidades (UEA, UFAM e particulares) e institutos federais. Vale lembrar que durante o período de ‘home office’, os alunos e professores reinventaram a educação, literalmente usando uma internet que não favorecia a nenhum dos lados. Agora, com a experiência do passado, podemos sonhar com um futuro promissor para toda a comunidade”, disse.
O pesquisador destaca ainda que os benefícios não se limitam apenas à área da educação e pontua que satélites em órbitas baixas podem facilmente auxiliar no mapeamento de Escolas, estabelecimentos comerciais e também ser um forte aliado na saúde local.
“Essa iniciativa pode ajudar a rastrear veículos furtados, ajudar na identificação de pessoas e em muitos outros pontos. Na área da Saúde, a internet mais veloz certamente viabilizaria cursos e instruções do Ministério da Saúde voltadas para os Povos Indígenas e suas respectivas comunidades. Por falar em comunidades, aquelas lotadas na zona ribeirinha e/ou rural também seriam beneficiadas. O Amazonas merece, Manaus merece, cada um dos 61 municípios do interior amazonense merece. No cenário atual, a Starlink surge como solução diante esta necessidade diária do povo amazonense”, finalizou.
O empresário, jornalista e advogado amazonense Ronaldo Tiradentes anunciou recentemente que a sua empresa VIA DIRETA TELECOM é a primeira empresa brasileira a se tornar um revendedor autorizado da iniciativa de Elon Musk. Entramos em contato com Tiradentes, mas até a publicação da matéria não obtivemos respostas.
Saiba mais sobre a iniciativa acessando o pdf: