Conhecido pelas águas escuras e extensão de quase 1.700 km, o Rio Negro alcançou a marca de 13,59 metros no dia 10 de outubro, tornando a seca de 2023 a pior da história em Manaus. Após atingir o menor nível em 121 anos de registros, 12,70 metros, o rio Negro voltou a apresentar um aumento significativo em seu volume. No entanto, esse processo de recuperação desacelerou nos últimos dias, registrando um acréscimo de apenas 1 centímetro nesta segunda-feira (6). Além do Estado sofrer com os impactos da estiagem, Manaus também enfrenta uma onda de fumaça por conta de queimadas na região e o tempo seco.
Conforme levantamento repassado pela Defesa Civil amazonense, todos os 62 municípios do Amazonas estão em estado de emergência em decorrência da seca. O órgão destaca, ainda, que a estiagem afeta pelo menos 598 mil pessoas na área. A seca no Amazonas é resultado direto do fenômeno climático El Niño, responsável pelo aquecimento das águas do Oceano Pacifico, e das mudanças climáticas. A Amazônia é conhecida pelo papel no ciclo da água global, mas sofre com as mudanças nos padrões de chuva na Região Norte.
De acordo com especialistas ouvidos pelo Metrópoles, os efeitos da estiagem extrema devem persistir por anos.
Considerada a pior da história, a estiagem no Amazonas levou 60 municípios do estado a decretarem situação de emergência e fez com que comunidades ribeirinhas ficassem ilhadas, já que os rios são as principais vias de transporte para o interior do estado e, com nível baixo, os barcos grandes não conseguem as condições mínimas de navegação. O cenário inspira ainda mais preocupação porque a previsão é de que a temporada seca demore mais tempo que o habitual para acabar.
Recorde de queimadas
Além disso, a população amazonense tem enfrentado uma densa nuvem de fumaça, proveniente de queimadas em municípios na região metropolitana e estados vizinhos, como o Pará.
Dados divulgados pelo Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que outubro teve o maior número de focos de calor na Amazônia para o mês desde 2008. Ao todo, foram 22.061 focos de calor no bioma, em meio a um cenário de seca histórica na região que vem afetando milhares de pessoas.
O Pará liderou o ranking de focos de calor na Amazônia Legal em outubro, com 41,5% do total, seguido pelo Maranhão (15,6%). Em terceiro lugar está o Amazonas (14,1%), onde a fumaça procedente do alto número de incêndios florestais continua encobrindo partes de Manaus. No último dia 13, a capital decretou estado de mobilização em meio aos ricos à saúde.
No início do mês, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) justificou que a fumaça que atinge a capital amazonense teria sido causada por queimadas irregulares feitas por agropecuaristas. O governo do Amazonas também afirma que o problema seriam as queimadas registradas no Pará, que, no período de 26 de outubro a 3 de novembro, somavam 5,3 mil focos de incêndio.
O Governo estadual tem intensificado as ações de combate às queimadas no estado com medidas efetivas de prevenção e repressão de crimes ambientais, por meio da Operação Tamoiotatá e demais frentes de trabalhos desenvolvidos por órgãos estaduais e federais. No total, o Estado já fez a aplicação de multas ambientais, na ordem de R$ 143 milhões, no período de 29 de março a 12 de outubro de 2023.
O estado registrou a redução no número de focos de incêndio na região metropolitana, de 675 durante o período mais crítico da crise, entre os dias 1º e 10 de outubro, para apenas 6 focos registrados na quinta-feira (02/11).
“O Ipaam tem atuado de forma efetiva. Nossos fiscais estão em campo, tanto na região metropolitana quanto no sul do estado. Com base em dados já consolidados pela Operação Tamoiotatá, mais de 29 mil hectares foram embargados e cerca de R$ 143 milhões em multas já foram aplicados a quem comete crimes ambientais. Até o final do ano esse número deve aumentar, conforme os autos são inseridos no sistema para a efetivação da autuação remota”, comentou o diretor-presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Juliano Valente.