Milei é da chapa ‘A Liberdade Avança’. O candidato propõe dolarizar a economia e fechar o Banco Central. REUTERS/Mariana Nedelcu Javier Milei é um economista argentino formado pela Universidade de Belgrano, tem 52 anos e é natural de Buenos Aires. Candidato à Presidência de extrema direita, Milei venceu as eleições primárias da Argentina, realizadas neste domingo (13).
As primárias na Argentina são uma votação obrigatória para definir os candidatos que concorrerão às eleições presidenciais, que acontecem em outubro. Por lei, todos os partidos são obrigados a fazer prévias — mesmo que haja um único candidato e isso seja só uma formalidade —, e todas as frentes políticas passam pelas primárias no mesmo dia.
Segundo o jornal “Clarín”, Milei, da chapa “A Liberdade Avança”, se apresentava — e era visto assim — como um personagem que vinha de fora para combater as más práticas da política. Suas promessas incluem dolarizar a economia e fechar o Banco Central. O jornal “El País” descreve Milei como um economista ultraliberal, que se declara “anarcocapitalista”. O argentino é contra o aborto, considera as mudanças climáticas “uma farsa” da esquerda, e se identifica com a extrema direita do Vox na Espanha, também segundo o jornal. Milei foi assessor do general Antonio Bussi, militar que foi governador da província de Tucumán durante a ditadura e posteriormente deputado nacional; economista-chefe da Fundação Acordar, do ex-governador peronista de Buenos Aires, Daniel Scioli; e trabalhou na empresa que administra a maioria dos aeroportos argentinos. É também admirador de Jair Bolsonaro, com quem costuma ser comparado, e de Donald Trump. Ultradireitista Javier Milei cooptou o voto do protesto e do desencanto na Argentina O jornal “La Nación” diz que “a relação de Milei com a imprensa é ambivalente”. Ele ganhou visibilidade, reconhecimento, seguidores nas redes e aumentou seus honorários após passagens na mídia, em TVs e rádios, mas desconfia dos jornalistas e fica furioso com algumas perguntas. Também já insultou jornalistas e impôs condições para conceder entrevistas, como escolher perguntas e proibir temas. Javier Milei, candidato presidencial da ultradireita, festeja liderança nas primárias na Argentina Natacha Pisarenko / AP Photo Vida pessoal Filho de um motorista de ônibus que se tornou empresário do transporte e de uma dona de casa, Milei cresceu em um lar violento e sofreu bullying na escola. “Para mim eles estão mortos”, dizia sobre seus pais em 2018, no auge de sua carreira como apresentador de um talk show de televisão, segundo o jornal “El País”. Ele voltou a falar com os pais durante a pandemia, segundo o “La Nacion”. É fã de Rolling Stones, grupo que sempre homenageava quando integrava a banda Everest, e chegou a tentar carreira como goleiro de futebol, sem sucesso. Foi criado pela avó materna e tem cinco cachorros da raça mastiff, que costuma chamar de “filhos de quatro patas” (Conan, Murray, Milton, Robert e Lucas). Não é visto acompanhado desde o fim do casamento com cantora Daniela Mori Apesar dos problemas com os pais, é próximo da irmã, Karina, que coordena sua campanha. Católico de origem, mas inclinado ao judaísmo nos últimos anos, Milei tem o rabino Axel Shimon Wahnish como seu guia. Eleições na Argentina: país terá primárias no domingo Prévias O candidato oposicionista de extrema direita Javier Milei surpreendeu e foi o mais votado nas eleições primárias da Argentina, realizada neste domingo (13). A votação final ocorre em 22 de outubro. Com 97,39% dos votos apurados, a chapa de Milei, “A Liberdade Avança”, tinha 30,04% dos votos.
A chapa governista, União Pela Pátria, ficou em terceiro com 27,27% dos votos, no pior desempenho do peronismo na história das prévias. O ministro da Economia, Sergio Massa, foi o mais votado da legenda (21,41%). G1