A Câmara pode votar nesta quarta-feira (16) uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retira a propriedade exclusiva da União sobre terrenos de marinha e acaba com a cobrança do laudêmio, taxa de 5% paga ao governo federal pelas transações entre particulares de compra e venda desses imóveis. Se aprovado, o texto ainda precisa seguir para o Senado.
Como a maioria dos terrenos no litoral é considerada de propriedade da União, o governo cede o chamado domínio útil sobre o imóvel. Atualmente, é impossível fazer uma escritura de transferência do domínio útil desse imóvel sem o pagamento do laudêmio.
“Fica vedada a cobrança de foro e taxa de ocupação das áreas de que trata o art. 2º, bem como de laudêmio sobre as transferências de domínio, a partir da data de publicação desta Emenda Constitucional”, diz trecho da proposta em tramitação na Câmara.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia.
Em junho do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro havia prometido extinguir a cobrança: “Estamos na iminência, via portaria, de acabar com aquela prisão dos laudêmios. São mais ou menos 600 mil imóveis que ficarão livres do laudêmio brevemente”.
Leia Também
Na época, Bolsonaro afirmou que a taxa não faz mais sentido porque o laudêmio “vem de lá atrás, era um dinheiro pago para a Coroa, para (nos) proteger dos piratas”.
Cobrança desde o período colonial
A cobrança do laudêmio ocorre desde o período colonial. Com o objetivo de povoar o litoral brasileiro, a Coroa Portuguesa concedeu a algumas pessoas a possibilidade de usufruir de propriedades. Em contrapartida à concessão dessa titularidade, cobrava o laudêmio.
O texto em tramitação na Câmara retira a previsão de que os terrenos de marinha e seus acrescidos são bens exclusivos da União, como consta atualmente na Constituição.
Pela matéria, continuam sob domínio da União as áreas utilizadas pelo serviço público federal, as unidades ambientais e as áreas não ocupadas. Mas, as áreas afetadas ao serviço público estadual e municipal passarão ao domínio de estados e municípios, assim como será possível a transferência para moradores.
A proposta estipula prazo de dois anos para a União adotar as providências necessárias para que sejam efetivadas as transferências.