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O Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado em 10 de outubro, trazendo à tona a oportunidade de refletir sobre as principais doenças mentais do trabalhador, em especial. No Brasil, segundo levantamento de 2023 da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a Síndrome de Burnout, caracterizada pelo estresse crônico no trabalho.

Um estudo realizado neste ano pelo ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil) aponta que 72% dos brasileiros estão estressados em razão do trabalho, colocando o país como o segundo colocado na lista de países em situações mais preocupantes quanto à saúde mental.

“O excesso de trabalho está levando os profissionais ao estresse crônico, e isso acontece por muitas empresas não investirem em seus respectivos departamentos de recursos humanos e gestão de pessoas e, assim, prejudicarem os funcionários.” aponta Alex Araújo, CEO da 4Life Prime.

Quando o tema é saúde mental do trabalhador, as mulheres brasileiras ganham destaque ao passo que são as maiores impactadas pelas doenças psicológicas, além da falta de acesso e tempo para adquirir tratamento psicológico. Dados levantados pela plataforma LinkedIn constataram que 74% das entrevistadas disseram que estavam em estado de constante estresse por motivos ligados ao trabalho.

A dupla jornada de trabalho, baixas remunerações, sobrecarga de tarefas domésticas e falta de reconhecimento são alguns dos principais fatores que levam as trabalhadoras ao estresse crônico. Para mulheres que optam por atuar no mercado de trabalho como acompanhantes de luxo, os dados quanto à saúde mental são ainda mais preocupantes.

As profissionais do sexo, por conta de fatores frequentemente presentes no setor, como condições insatisfatórias de trabalho; dificuldade de atendimento nos serviços de saúde; e exposição à violência sexual, psicológica ou física; parecem apresentar maior vulnerabilidade na saúde que outros grupos da população.

De acordo com um estudo publicado pela Universidade Federal de Uberlândia, a presença de algum sintoma de transtorno mental foi constatada em 51,6% das mulheres, sendo que 74,4% das participantes da pesquisa assinalaram que sentem nervosismo e tensão, 54,9% dormem mal e 45,8% relataram ter dificuldades no serviço.

“Estive no NEP (Núcleo de Estudos da Prostituição) de Porto Alegre e soube que elas fazem encaminhamento de profissionais do sexo direto para o hospital, para atendimento médico ginecológico. Isso demonstra como, dependendo dos valores morais do profissional e da experiência de vida, talvez a acompanhante não tenha o tratamento adequado”, conta Paula, acompanhante cadastrada no site Fatal Model, maior plataforma de acompanhantes do país que, através da credibilidade e da transparência na plataforma, busca contribuir para tornar a profissão mais segura ao diminuir a necessidade de profissionais ficarem nas ruas em busca de clientes.

Nina Sag, Acompanhante e Diretora de Comunicação da plataforma, explica que o diálogo é o diferencial se tratando da saúde mental das acompanhantes. “O Fatal Model acredita na força do diálogo para quebrar tabus e preconceitos. Hoje, investimos em múltiplos canais de comunicação para abordar diversos temas que integram o universo dos profissionais do sexo, criando uma rede segura e unida”, diz.

As acompanhantes relatam dificuldades até mesmo em encontrar profissionais da psicologia que desempenhem a função profissional sem comentários tendenciosos que causem constrangimento à paciente, sugerindo que mudem de profissão, por exemplo.

Paula, como estudante de psicologia, revela o desejo de, quando formada, atender mulheres que trabalham como acompanhantes e também atuar na educação sexual de adolescentes: “Além de ter propriedade para ajudar essas mulheres , também planejo atuar com educação sexual de adolescentes, porque vejo muitas dificuldades em meus clientes que poderiam ter sido amenizadas na adolescência se tivessem obtido o acesso necessário às informações”.

Paula evidencia que os transtornos mentais não são exclusivos das profissionais do sexo, mas também dos clientes, que durante os encontros desabafam sobre dificuldades pessoais:

“O cliente geralmente vai com o intuito de transar, muitas vezes convencido de que é sua única necessidade, mas chegando lá, percebe que o ambiente passa confiança e recebe atenção genuína. Assim, acaba se abrindo pra essa ‘terapia’ e nota que a conversa muitas vezes é mais gratificante e prazerosa que o próprio sexo, mas isso muito se deve à sociedade machista que impõe que o homem precisa transar”, pontua Paula.

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