SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As ações da Petrobras registravam queda de mais de 5% na tarde desta quarta-feira (28), após o presidente da companhia, Jean Paul Prates, ter afirmado que a estatal será mais cautelosa na distribuição de dividendos em sua transição para energias renováveis.
“Temos que ser mais cautelosos. Os acionistas entenderão. Estamos no meio dessa grande decisão de se tornar uma companhia de petróleo em transição”, afirmou Prates em entrevista à Bloomberg.
Após a fala de Prates, as ações da petroleira, que começaram o dia operando próximas a estabilidade, passaram a cair. Às 15h15, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras recuavam 5,41%, enquanto os ordinários (com direito a voto) caíam 5,36%.
“O mandato [de Prates] envolve trabalhar para escolher projetos com taxas de retorno positivas aos acionistas e não demandar paciência destes, que naturalmente, irão reagir a qualquer movimento ou fala proferida pelo CEO”, afirma a equipe da Ativa Investimentos, que considera a fala de Prates negativa para os papéis.
Eles dizem, no entanto, que, mesmo com sinais de maior conservadorismo na distribuição de dividendos, os desembolsos previstos no plano de investimentos da Petrobras indicam que a empresa deve seguir como uma boa opção para dividendos ao longo de 2024.
O tombo da estatal aprofundou as perdas do Ibovespa, que já operava no negativo desde o início da sessão. O principal índice da Bolsa brasileira recuava 1,14%, aos 130.151 pontos.
A Vale, empresa de maior peso do Ibovespa, também caía, devolvendo os fortes ganhos da sessão anterior e pressionada pela queda do minério de ferro no exterior.
Na noite de terça (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a mineradora por seu histórico de desastres ambientais e pelo abandono de projetos estratégicos, acrescentando que a empresa não é dona do Brasil.
“A Vale não pode pensar que ela é dona do Brasil, não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então o que nós queremos é o seguinte: empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É isso que nós queremos”, afirmou Lula.
Nesse cenário, a mineradora registrava queda de 1,31%.
No câmbio, o dólar começou o dia subindo no Brasil e no exterior nesta quarta-feira (28), enquanto investidores seguem aguardando novos dados de inflação dos Estados Unidos, que serão divulgados na quinta (29), para alinhar apostas sobre o futuro da política de juros americana.
Nesta quarta, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos revisou para baixo o PIB (Produto Interno Bruto) do quarto trimestre de 2023, porém o resultado anual foi mantido em 2,5%.
O crescimento econômico entre outubro e dezembro mudou de 3,3% para 3,2%, mostrando que a economia do país cresceu em um ritmo sólido no quarto trimestre diante dos fortes gastos dos consumidores, mas parece ter perdido um pouco de velocidade no início do novo ano.
No Brasil, parte das atenções se volta para o primeiro dia de reunião de ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais dos países do G20, em São Paulo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursou nesta manhã.
“Ativos de risco estão abrindo em tom predominantemente negativo, à medida que os operadores se preparam para uma série de dados econômicos que moldarão as expectativas em torno trajetória da política monetária nos Estados Unidos”, afirma a equipe da Guide Investimentos.
Na terça, a Bolsa brasileira registrou forte alta impulsionada por um avanço da Vale, em meio à valorização do minério de ferro no exterior. O Ibovespa encerrou a sessão com alta de 1,60%, aos 131.689 pontos, e a mineradora, que é a empresa de maior peso no índice, subiu 2,63%, segundo dados preliminares.
No câmbio, o dólar recuou 0,97%, fechando o dia cotado a R$ 4,932, enquanto investidores aguardam a divulgação de novos dados econômicos dos Estados Unidos.
No cenário local, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) acelerou a 0,78% em fevereiro, após marcar 0,31% em janeiro. O resultado foi pressionado pelos reajustes do início do ano letivo na área de educação.
Apesar de ter acelerado, o IPCA-15 ficou abaixo da mediana das expectativas do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam variação de 0,82%.