A Black Friday é um tradicional dia de liquidações que atrai uma multidão de consumidores e costuma ser realizada no quarto dia do mês de novembro. Nesta data, diversas lojas e sites de vendas onlines oferecem promoções, descontos e cupons em produtos como celulares, notebooks, TVs, fones de ouvido e muitos outros. Essa estratégia de vendas surgiu nos Estados Unidos e se consolidou no final do século 20, tendo relação com o feriado do Dia de Ação de Graças (Thanksgiving Day), e é realizada no dia seguinte a esse feriado, mas também está ligada ao Natal, uma vez que se considera que a Black Friday inaugura a temporada de compras natalinas.
Esse ano, o desempenho das vendas na Black Friday foi o segundo pior já registrado no Brasil, segundo reportagem do Valor Econômico. De acordo com dados colhidos pela plataforma O Tempo, no período entre a última quinta-feira (23), às 00h, até o último sábado (25), às 23h59, o comércio eletrônico brasileiro registrou cerca de R$4,5 bilhões em vendas, bem abaixo dos R$6,9 bilhões esperados. A cifra bilionária foi 14,4% menor do que a do mesmo período do ano passado.
O número de pedidos também apresentou recuo. O volume de “carrinhos” atingiu 6,9 milhões, o que representa uma queda de 15,5% na base anual. Vale lembrar que a redução do volume de compras já era esperado. Isso porque no ano passado, a Copa do Mundo contribuiu para aumentar as vendas no e-commerce na Black Friday, além das festas de fim de ano.
Segundo o levantamento feito pela ClearSale, empresa que atua com inteligência de dados e soluções para previsões de riscos, as altas taxas de juros, endividamento da família e antecipação das compras impactaram as vendas online deste ano, registrando um desempenho abaixo do esperado nas vendas deste ano.
Dados da CBN apontam que a diminuição das vendas se deve a renda da população estar comprometida com dívidas e os descontos abaixo do esperado pelos consumidores é outro motivo para a baixa nas compras. O desempenho das vendas das lojas físicas não entraram na conta.
Em entrevista a redação do portal Amazônia Press, o economista Altamir Cordeiro detalha sobre o ticket médio (indicador muito importante para avaliar o desempenho das vendas) deste ano de 2023, com relação a queda nas vendas do comércio neste período de Black Friday em comparação ao ano de 2022.
“Mesmo com o ticket médio maior, ou seja, os preços dos produtos comercializados foram maiores em relação aos preços do ano passado. Mesmo assim o faturamento foi menor. As causas podem ser os juros ainda elevados nas operações de créditos e a preocupação do consumidor com as incertezas na economia. Apesar da inflação brasileira estar bem controlada, existe ainda a preocupação com a política econômica e o déficit público para o ano de 2024. Percebemos uma queda nas atividades econômicas no 3º trimestre e teremos o mês de dezembro para que o comércio possa recuperar as vendas para fechar o ano positivo”, explicou.
Ainda de acordo com o economista Altamir Cordeiro, o impacto nas quedas de faturamento das vendas onlines nessa Black Friday teve um recuo de 14,50% em relação ao ano passado, o que prejudica o faturamento no acumulado do ano, as expectativas agora são que as vendas no período natalino de dezembro traga o saldo positivo para fechar o ano de 2023.
“Este ano o faturamento apurado entre os dias 23.11 e 25.11.2023, o faturamento foi de R$4,5 bilhões, um recuo de 14,50% em relação ao ano passado. Isso prejudica o faturamento no acumulado do ano. Resta agora as vendas natalinas para que o setor do comércio feche o ano com saldo positivo. O impacto direto é a queda na arrecadação de impostos e também de salários”, finalizou.
Apesar das quedas, a Black Friday foi positiva para alguns players, sobretudo os marketplaces. “A Black Friday está transcendendo do varejista puro para o marketplace, porque aí há a realidade de cada um dos participantes – as dezenas de milhares de participantes do Mercado Livre sabem onde aperta seu calo e podem fornecer descontos efetivos para os clientes”, ilustra Kanter.
Seguindo resultados da quinta-feira, 23, e da sexta, 24, até às 17h, o Mercado Livre registrou hoje seu recorde de vendas em uma Black Friday com aumento de 80% em vendas brutas. Já a Shopee, player asiático em ascensão no País, divulgou que o mês de novembro foi o mais forte em vendas. Além da Black Friday, o marketplace fez campanhas para o 11.11. Na data, comemora-se o Dia dos Solteiros na China, marco importante para o varejo.