SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A ditadura da Venezuela acusou de crimes de terrorismo quatro jornalistas detidos durante as manifestações que tomaram o país após as eleições que deram uma contestada recondução a Nicolás Maduro, afirmou nesta quarta-feira (7) o Sindicato dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP).
“Denunciamos o uso ilegal e arbitrário das leis antiterrorismo na Venezuela, especialmente contra os jornalistas e repórteres fotográficos e cinematográficos detidos durante os protestos pós-eleitorais no país”, afirmou a entidade em um comunicado publicado nas redes sociais.
De acordo com o SNTP, as autoridades estão impedindo que os profissionais acessem advogados de defesa particulares. Os alvos são os fotógrafos Yousner Alvarado e Deisy Peña, o cinegrafista Paúl León e o jornalista José Gregorio Carnero, cada um preso em um estado diferente. A imprensa local afirma que eles trabalhavam no momento da detenção.
O cerceamento à liberdade de imprensa na Venezuela aumentou após o pleito de 28 de julho, que desencadeou protestos em todo o país para questionar os resultados apresentados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), aparelhado pelo chavismo. Segundo o órgão, Maduro ganhou com 52% dos votos, contra 43% do principal adversário, Edmundo González.
O CNE, porém, até agora não divulgou as atas que comprovariam a vitória. No início desta semana, o órgão eleitoral disse ter entregado os documentos ao TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) para a certificação mas, assim como o CNE, o TSJ é alinhado ao regime.
Em paralelo a isso, a oposição disponibilizou na internet o que afirma ser 80% do total de atas das eleições, coletadas por observadores no dia do pleito. Os papéis mostrariam a vitória do candidato opositor com 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Tanto a contagem de votos feita pela coalizão opositora quanto a veracidade das atas divulgadas foram chanceladas por organizações independentes.
De acordo com a ONG Provea, 24 pessoas foram mortas durante os protestos. O número de presos até a manhã desta quinta era de 1.152 pessoas, segundo a organização Foro Penal Maduro afirma que 2.200 foram detidos.
Entre os presos estão dirigentes da oposição, incluindo o jornalista Roland Carreño, integrante do partido Vontade Popular.
O Ministério Público afirma que os detidos responderão, entre outras, por acusações de “incitação ao ódio” e “terrorismo”, crimes que pode resultar em uma sentença de 30 anos de prisão, a pena máxima na Venezuela.
Nesta semana, as autoridades anunciaram ainda uma investigação criminal contra González e a líder opositora inabilitada pelo regime María Corina Machado por “incitação à insurreição”, depois que eles publicaram uma carta na última segunda-feira (5) na qual o ex-diplomata se declarava presidente eleito da Venezuela e pedia apoio das Forças Armadas.