O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) pré-inaugurou o programa de teste de resiliência da Amazônia às mudanças do clima, o AmazonFace, neste mês. O estudo vai contar com torres em uma área de floresta no Amazonas, onde os experimentos vão acontecer com o intuito de observar como a floresta reage as ações da natureza.
A primeira fase do programa foi pré-inaugurada, no dia 8 deste mês, com membros do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Unicamp e governo britânico, que apoiam a pesquisa. Durante o dia, representantes visitaram a Estação experimental de manejo florestal do Inpa, onde as primeiras torres de experimentos começaram a ser construídas.
Do topo delas, será possível observar como a floresta vai reagir a emissões de gás carbônico, um dos principais poluentes da natureza.
Segundo o pesquisador responsável pelo projeto, Alberto Quesada, do Inpa, apesar de poluente, o carbono na atmosfera também pode servir como fortalecedor para as plantas, o que deve ser analisado durante as pesquisas.
“Esse experimento é um experimento com escala industrial com torres, que vão jogar o gás nas árvores, onde vamos testar se ele tem esse efeito mesmo ou não. Se a gente tem um efeito forte, isso pode significar que a floresta vai ficar mais resistente e a gente vai ter floresta nos próximos 50, 100 anos. Se não tem, é um problema muito grave. Provavelmente, a gente vai ter grandes problemas sociais nos próximos 20, 30 anos, porque a Amazônia pode começar a morrer”, informou.
O projeto do Inpa já está em desenvolvimento há 10 anos, com o apoio do MCTI, Unicamp e embaixada da Grã-Bretanha.
“A gente sabe que os dados produzidos aqui na Amazônia pelos cientistas brasileiros vão ter um impacto muito importante. Vão ajudar na criação de novas políticas públicas não só aqui, mas também no mundo inteiro. É um dia de história nas ciências brasileiras e também nas ciências globais”, disse a vice-embaixadora da Grã-Bretanha, Melanie Hopkins.
A abertura oficial das pesquisas com a conclusão da construção da primeira estrutura está prevista para o início do próximo ano e deve seguir por um longo período de tempo, até que se chegue nos resultados.
“Eu acho que quem está aqui hoje sente emoção porque é um sonho sendo realizado. Um sonho que estamos vendo tomar forma. Hoje, poder dividir isso com os nossos colegas, com os pesquisadores, alunos. Isso não tem preço. É muito bom poder dividir isso com todo mundo”, afirmou a acadêmica de ecoologia florestal, Sabrina Garcia.