O Talibã, Sayed Zekrullah Hashim, voltou a  atacar os direitos das mulheres durante uma entrevista à emissora afegã “ToloNews” na noite de quinta-feira (9) e disse que elas “não podem ser ministras” porque “precisam fazer filhos”. Além disso, desdenhou dos protestos diários feitos por elas em diversas cidades do país.

Em uma entrevista, o apresentador questiona Hashim sobre qual o motivo de nenhuma mulher ter sido indicada no governo provisório. Após uma discussão, com Hashim dizendo “por que nós teríamos mulheres no governo?” e o apresentador reforçando que elas representam “metade da população” do país, o representante responde de maneira misógina.

“Nós não consideramos elas metade da população. Que metade da população? A metade aqui está mal definida. A medida aqui diz que você põe elas lá, e nada mais. E se você viola o direito dela, isso não é um problema. Vou te dar um exemplo, nos últimos 20 anos, qualquer coisa que foi dito por essa mídia, pelos EUA e seu governo de marionetes no Afeganistão não foi mais do que prostituição nos gabinetes”, esclareceu o representante.

Nesse momento, o apresentador interrompe o porta-voz e diz que ele não pode acusar que as mulheres que trabalharam no governo durante os últimos anos de serem prostitutas, e Hashim o corta e começa a falar sobre outro assunto, os protestos diários feitos em diversas cidades.

“Não estou falando de todas as mulheres afegãs, mas as quatro que estão nas ruas não representam as mulheres do Afeganistão. As mulheres do Afeganistão são aquelas que fazem nascer as pessoas no Afeganistão, educam eles e educam eles na ética islâmica”, ressalta.

Novamente interrompido pelo apresentador, visivelmente irritado com as respostas do representante, ele questiona o que há de tão ruim em uma mulher ser ministra do país. “Pergunte a você mesmo”, responde. O jornalista então devolve “Mas, por que não?”.

“Eu vou dizer pra você porque não. O que a mulher faz, ela não pode ter o trabalho de ministro. Você coloca algo no pescoço dela que ela não pode carregar”, concluiu.

Ao tomarem o poder, no dia 15 de agosto, os representantes disseram que respeitariam os direitos das mulheres sob a “lei islâmica”, a sharia. No entanto, a interpretação do Talibã é extremamente radical, deturpando a visão da mulher na sociedade.

Fonte: Último segundo