FREEPIK

O Brasil tem vivido nos últimos meses um aumento dos casos de tuberculose, uma doença para a qual há tratamento e cura. O Amazonas é o estado com a maior incidência, seguido do Rio de Janeiro e de Roraima.

Apesar de ser considerada uma das doenças mais antigas entre os seres humanos, a tuberculose ainda é um fator de preocupação sobre a saúde pública. Foram cerca de 1,5 milhão de óbitos provocados pela doença em 2020, número que não era alcançado desde 2017, de acordo com o último balanço mundial da OMS (Organização Mundial da Saúde).

Nesse sentido, o pneumologista Flávio Arbex destaca a importância de procurar atendimento médico quando os sintomas da doença forem identificados.

No Brasil, o tratamento para a tuberculose é disponibilizado de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

O tratamento é feito da forma indicada pelo médico, com esquema preconizado pelo Ministério da Saúde com quatro medicamentos (rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol), por um período de seis meses.

Causa e sintomas da tuberculose

A tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, que, assim como o coronavírus, pode ser transmitida pelos infectados por meio de gotículas expelidas em espirros, tosse e fala.

Segundo o Ministério da Saúde, o bacilo da tuberculose não pode ser transmitido por meio de objetos compartilhados, ou seja, não há risco de contaminação durante o contato com lençóis, roupas nem mesmo talheres usados pelo paciente adoecido.

Além disso, após cerca de 15 dias do início do tratamento, o risco de transmissão é diminuído consideravelmente.

Flávio Arbex explica que nem todas as pessoas que entram em contato com a bactéria desenvolvem a tuberculose.

“A doença pode ficar dormindo por longos períodos, às vezes a pessoa pode morrer e nem saber que teve tuberculose. Porém, estima-se que um terço da população mundial teve contato com a bactéria.”

Por outro lado, para aqueles em quem a bactéria consegue desencadear uma infecção, os principais sintomas são tosse com secreção por três semanas ou mais, febre no fim do dia, suor excessivo durante a noite e emagrecimento.

Apesar de ser mais comum no pulmão, a tuberculose pode acometer diversos órgãos, como rins, bexiga, ouvidos e até mesmo o cérebro, segundo o pneumologista.

“As principais formas são a neurotuberculose, que é um tipo que pode acometer as meninges no sistema nervoso central, e a tuberculose miliar, que se dissemina mais pelo corpo, principalmente no pulmão”, explica Arbex.

Se não tratada de forma correta, a tuberculose pode causar a destruição do pulmão, deixar sequelas pulmonares e, em casos ainda mais graves, levar à morte.

Prevenção e grupos de risco

A principal forma de prevenção da tuberculose é a vacina BCG, disponibilizada pelo SUS para crianças de até 4 anos e 11 meses de idade.

O imunizante protege contra os quadros graves da doença, sobretudo os relacionados à neurotuberculose e à tuberculose miliar.

Além disso, o Ministério da Saúde recomenda aos infectados que cubram a boca com o cotovelo ou um lenço ao tossir, para evitar a disseminação dos aerossóis no espaço.

Como a bactéria é sensível à luz solar, também é importante manter os ambientes de convívio com o paciente sempre bem ventilados, com luz natural e circulação de ar.

O grupo de maior risco de adoecimento por tuberculose compreende indígenas, a população privada de liberdade e pessoas em situação de rua, pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

Pessoas que vivem com HIV/Aids também são mais suscetíveis, assim como os pacientes que fazem tratamento com imunossupressores.

No entanto, Arbex destaca que qualquer pessoa pode ser infectada pela bactéria e desenvolver as formas graves da tuberculose. Nesse caso, precisa ser submetida ao tratamento adequado contra a doença.

“Podemos citar casos recentes de pessoas famosas, como Thiaguinho, que teve um derrame pleural por tuberculose, ou o próprio Thiago Silva, jogador de futebol, que também teve a doença. Então, esse estigma tem que acabar, não é uma condição só de pessoas desses grupos [de risco]”, alerta o médico.

R7