É certo e fato que, nestes dois anos de pandemia, os casos de Feminicídio, a violência doméstica e muitos outros tipos de violência aumentaram, consideravelmente.

Quais os sinais de um relacionamento abusivo?

Por que você insiste em ficar quando todos os sinais falam o contrário?

Você consegue identificar em você o amor próprio ou faz tempo que não se dá o direito de buscar os seus próprios objetivos?

Você observa algum tipo de violência na sua relação emocional?

A violência contra a mulher é todo ato que resulte em morte, lesão física, sexual e psicológica. Este tipo de violência é baseado em gênero, ou seja, a violência acontece pelo simples fato de a outra pessoa ser uma mulher, tanto na esfera pública ou privada, como isso é possível? Exemplo dessa violação de direitos:  estupros, violência doméstica ou familiar, assédio sexual, coerção reprodutiva, infanticídio, aborto seletivo e violência obstétrica, entre outros casos não mencionados aqui, nos costumes e práticas culturais: (práticas nocivas). Levando em consideração que cada país tem sua própria cultura e prática, levando em consideração que o tema é muito delicado, vamos nos ater na reflexão do texto, respeitando as devidas proporções. Seguindo o raciocínio, ainda encontramos o “crime de honra”, feminicídio relacionado ao dote, mutilação genital feminina, casamento por rapto, casamento forçado, entre outros.

No Brasil, a Lei n°10.778, de 24 de novembro de 2003, a chamada Lei Maria da Penha veio para tentar coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, trazendo medidas mais efetivas, inclusive as penais.

Uma das maiores dificuldades reside na cultura machista e, geralmente, a mulher não apresenta denúncia.

Importante lembrar que o Brasil é signatário da declaração e plataforma de ação da IV conferência mundial sobre a mulher em Pequim, ocorrida em 1995, também neste mesmo ano foi o signatário da convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher, evento realizado em Belém do Pará.

A violência contra a mulher gera medo, dependência e anulação de si mesma. O tema é sobre feminicídio, mas, relacionamento abusivo se aplica para os casais de modo geral, independente de orientação sexual.

Num relacionamento saudável devem haver conversas, acordos, respeito e cumplicidades.

Violência contra a mulher e relacionamento abusivo estão geralmente ligados ao medo da solidão, relacionamentos equivocados, são tantas as situações que ferem a vítima de muitas maneiras e, ao longo desse processo, a pessoa vai perdendo sua própria identidade.

É importante refletir sobre o que está acontecendo com você. Responda para si mesma:

Quais suas dificuldades?

Quais suas necessidades?

Quais seus desejos?

Por que você aceita migalhas emocionais?

Como você gostaria de ser amada?

Observe se você está tendo sentimento de desvalia, culpa, dificuldade de sentir amor próprio e baixa autoestima.

É como se a sua crença fosse a respeito do outro ser sempre o ideal e o perfeito, você apenas um nada.

O comportamento do agressor define-se por algumas características bem comuns como, por exemplo, o agressor sempre lembra que você não faz nada certo, o quanto você precisa dele para tudo, está sempre lembrando que você não é nada e que o ciúme dele é porque apesar de tudo, ele ama muito você. Esse sujeito está sempre distorcendo sua fala e também justificando a dele. Quando questionado, é tão forte essa característica, que você acredita que, realmente, os abusos são facetas do ciúme, visto por você como cuidado e paixão.

A relação abusiva fornece muitos equívocos, vou mencionar apenas alguns: “ciúme é prova de amor”, “eu confio em você, não confio nos outros”, “suas amigas são todas sem valor e, no fundo, querem ficar comigo”, “eu sou muito bom para você e sua família”, além de controlar tudo, desde seu celular, a roupa que você veste ou compra, suas amizades, até o dia que você vai visitar seus pais ou irmãos.

Dentro dessa possessividade e controle, você deixa de ser pessoa e passa a ser uma “coisa”. A leitura da mulher iludida e apaixonada é: “nossa, como ele me ama, como tem ciúmes de mim”. Na verdade, ele culpa você de tudo, fala que você é quem provoca. Você vai ficando insegura e cedendo, já  vai deixando de sair com as amigas, você vai caindo nas muitas armadilhas emocionais.

Os sinais do relacionamento abusivo são claros, mas a pessoa envolvida emocionalmente e carente de atenção não consegue enxergar.

A vítima começa a demonstrar mudança de comportamento.

Isolamento – Você vai deixando de sair com as amigas para não brigar, você já não possui amigos, porque mulher não pode ter homens como amigos. Você já não visita nem seus pais como antes. Você já não tem interesse pelos estudos porque tudo é motivo de briga e até trabalhar se tornou uma tortura. Neste momento extremo da relação, você já está dependente dele para tudo.

O discurso dele é sempre de proteção e cuidado, ou seja: “o mundo é perigoso, não falta nada para você aqui”, “você tem tudo, nossos filhos precisam de você em casa”.

Comportamento agressivo – Empurra você, segura você com força, deixando a marca da pressão. Quebra objetos em casa ou esmurra a parede e você vai ficando com medo. Muitas mulheres casadas pensam que são obrigadas a fazerem sexo com seus maridos porque faz parte das suas obrigações. Não é não!

Entenda, se o outro não respeita você nas suas vontades é porque você para ele é somente um objeto que ele possui e, portanto, tem o direito de fazer o que tiver vontade.

Tempo de reconhecimento – Veja como ele se comporta nos outros espaços, como ele trata uma irmã, a própria mãe, colegas, como ele fala dessas mulheres quando está longe delas, a forma de tratar um colaborador, um garçom, entre outros. A palavra de ordem é sempre cuidado.

Caso você esteja se privando para ele ficar calmo, deixando de realizar suas vontades para ele não se irritar com você ou se você tem medo de contrariá-lo, é porque, provavelmente, você já está num relacionamento abusivo e não percebeu ou não quer perceber por medo ou qualquer outro sentimento.

Relacionamento abusivo é posse emocional.

Quando o abusador faz tudo isso com você, é porque ele já está farto, não tem tanto interesse como no começo do relacionamento, quando o objetivo era ainda a conquista.

Para o seu algoz, você já perdeu o seu brilho, não é mais a mesma, você já não oferece resistência.

Como sair desse relacionamento?

Caso você detectou muitos desses comportamentos no seu parceiro, o primeiro passo é identificar que você está em um relacionamento abusivo e querer realmente sair. Buscar ajuda com alguém de sua confiança, ajuda com um psicólogo, meios legais para apoio e proteção, tudo de acordo com a necessidade de cada caso.

É preciso você ter clareza para buscar ajuda, para se separar, pois em muitos casos, a pessoa se separa e depois volta, por isso o acompanhamento psicológico é tão importante.

Onde e como buscar ajuda?

Disque 180.

Lembre-se, tudo começa com palavras, depois são as agressões físicas e, por fim, a morte. É preciso lembrar que nem todo relacionamento abusivo chega às agressões físicas, mas agressões psicológicas também representam abuso, entre outros.

Você tem direito ao trabalho, à dignidade, à liberdade, ao amor e, principalmente, paz.

Não tenha medo de pedir ajuda, passar um tempo sozinha para reorganizar as ideias e ser feliz.

Obrigada por ter ficado comigo até aqui, caso conheça alguém que esteja precisando desse texto, ajude a divulgar.

Convido você para conhecer meu trabalho no Instagram e Youtube@nazaremussa