SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A formação em cursos de pós-graduação pode beneficiar pessoas que buscam aprovação em concursos públicos. Os pontos positivos vão desde os conhecimentos adquiridos, que se tornam um diferencial na realização das provas, até a comprovação do título, que pode aumentar a nota final.

Luig Almeida Mota é procurador de Porto Alegre (RS) e foi aprovado em 28 concursos públicos.

Para isso, ele participou de pós-graduações na UFBA (Universidade Federal da Bahia) e no IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), além de seminários e cursos de extensão na Universidade Harvard e na Faculdade de Direito de Boston, ambas nos Estados Unidos.

O procurador afirma que sempre buscou cursos que o ajudassem a alcançar o objetivo da aprovação em concursos. “O primeiro passo é saber o que o cargo e a prova exigem, para encontrar especializações voltadas para essas áreas”, diz.

Segundo Mota, a formação pode agregar valor na realização de provas discursivas ou orais, presentes em muitos certames. “A especialização dá um conhecimento mais aprofundado em alguns temas, indo além do básico, e isso impressiona os examinadores.”

Flavia Bahia Martins, professora de direito constitucional da FGV-Rio (Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro), concorda. De acordo com ela, a pós-graduação contribui com um alto nível de leitura e com a melhoria no raciocínio jurídico, muito cobrado dos candidatos.

Outra contribuição da especialização na aprovação em um concurso público ocorre por meio da prova de títulos, presente em muitos dos processos seletivos.

Ceres Rabelo, advogada especialista em concursos e processos seletivos, explica que a etapa consiste na convocação dos candidatos aprovados em fases anteriores para apresentar documentos que comprovem sua formação prévia.

Segundo ela, a prova de títulos é apenas classificatória, realizada entre os candidatos já aprovados. No entanto, os pontos obtidos com os títulos podem ajudar o profissional a ter uma classificação melhor na lista final do concurso.

“A pontuação de cada título varia de acordo com a relevância para o cargo. Os critérios da avaliação têm que ser definidos e informados de forma clara e objetiva no edital, para evitar qualquer subjetivismo e para que todos inscritos tenham conhecimento das regras previstas”, afirma Rabelo.

De acordo com Victor Tanaka, especialista em concursos públicos do Estratégia Concursos, em geral, para que uma pós-graduação seja válida para esse tipo de avaliação, ela precisa ter uma carga horária mínima de 360 horas.

“É importante que o candidato se atente a isso na escolha da pós, para que ela tenha a validade almejada”, diz ele.

Tanaka também explica que a maioria dos concursos permite acumular pontuação pela realização de mais de uma pós-graduação, diferentemente do que acontece com cursos de mestrado e doutorado, que não são cumulativos. O limite de pontos permitido para acumulação é descrito no edital de cada certame.

Martins, da FGV, acrescenta que, muitas vezes, a natureza do cargo exige um conhecimento mais específico e que um servidor mais qualificado prestará um serviço mais eficiente. Por isso, os títulos são valorizados durante o concurso.

O procurador Mota diz que, após assumir o cargo, pôde perceber como os conhecimentos adquiridos durante as especializações são úteis para o trabalho cotidiano.

“Os professores também são profissionais da área e passam muita coisa prática. Hoje, como procurador, eu vejo que a pós me ajuda muito nos processos, nos recursos e nas defesas que eu preciso fazer.”

Outro ponto positivo levantado por Mota é a possibilidade de receber promoções ou aumentos de salário devido às formações realizadas, prática comum nos cargos públicos.

Para o procurador, o principal desafio é conciliar a rotina intensa de estudos para um concurso com as aulas e atividades de uma pós-graduação.

Mota conta que escolheu os cursos mais extensivos, ou seja, que tinham uma duração maior, mas com as aulas que eram realizadas quinzenalmente, por exemplo.

“Eu tinha em mente que seria algo pesado, mas que era temporário. Sempre pensava que a pós-graduação me ajudaria a ser aprovado no concurso”, afirma.