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A cantora Joelma voltou a desabafar, no último fim de semana, sobre complicações de saúde que enfrenta após ter Covid-19 cinco vezes desde 2020.

“Eu tive três derrames oculares. E algumas paradas cardíacas, mas isso ninguém sabe. Eu passei por isso sozinha. Mas Ele [Deus] é a minha força. Nele eu posso todas as coisas”, contou a artista durante um show em São Paulo.

Embora se saiba poucos detalhes sobre o momento e as condições em que os derrames oculares e as paradas cardíacas ocorreram, elas podem ter uma relação direta com a fase aguda da Covid-19 ou com eventuais sequelas da infecção, afirma o cardiologista Hélio Castello, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

No caso das paradas cardíacas, ele explica que há duas hipóteses mais comuns: miocardite e infarto provocado por coágulo.

“Existem alguns pacientes que tiveram na época da Covid uma miocardite – uma inflamação que atinge o músculo cardíaco e que pode acontecer com qualquer vírus. No coronavírus, alguns pacientes tiveram isso cronicamente. Teve essa inflamação aguda, o coração diminui sua capacidade de contração, e uma porcentagem grande recupera, mas tem um número de pacientes que têm insuficiência cardíaca”, diz.

O especialista ressalta que “a miocardite aumenta o risco de ter uma parada cardíaca”, porque o músculo inflamado faz com que o órgão contraia menos, além de haver uma dilatação.

A outra possibilidade seria pela própria característica de a Covid-19 causar trombose em alguns pacientes. Um coágulo na artéria que irriga o coração levaria a um infarto, “que pode ter como complicação uma parada cardíaca”, complementa Castello.

Em relação aos derrames oculares, o cardiologista pondera que eles raramente são graves.

“Tem várias causas para derrame ocular, desde um momento de estresse, aumento da pressão arterial ou qualquer coisa do tipo, até um quadro de trombose. Pode ser também por algum medicamento que deixa o sangue mais fino para evitar trombose e eles aumentam a chance de hemorragia”, detalha.

Internação e queixas

Joelma foi internada em junho deste ano em São Paulo, também por sequelas da Covid-19.

Na ocasião, o boletim médico falava em “um quadro de esofagite, gastrite e edema, complicações possivelmente decorrentes da infecção pelo coronavírus”.

Em entrevista ao Domingo Espetacular, da Record TV, em abril do ano passado, a cantora disse ter tido o mesmo problema. “Eu fiquei completamente deformada, fiquei maior que uma grávida de nove meses”, lamentou na época.

Covid longa

Casos com o de Joelma chamam atenção para o problema que muitas pessoas enfrentam após a Covid-19.

A Covid-19 longa deixa com sequelas entre 10% e 20% dos infectados pelo coronavírus. Castello lembra que este problema pode ser mais grave em pessoas não vacinadas.

Normalmente, as sequelas são associadas ao pulmão, como tosse crônica, falta de ar ao fazer esforços físicos, broncoespasmo – que provoca algo semelhante à bronquite ou asma, com obstrução do fluxo de ar.

Outros problemas como dores de cabeça frequentes e até problemas cognitivos, como esquecimento e distração, também são relatados.

Para reduzir o risco de ter esse tipo de problema, o cardiologista recomenda que todas as pessoas mantenham a vacinação em dia.

“Os indivíduos que estão com a sua vacina em dia, esses pacientes têm se mostrado agora com infecções de modo geral mais amenas, mais semelhantes àquelas gripes que a gente pega, mas não tanto com esse quadro inflamatório e trombótico tão intenso”, conclui.

R7