Foto: Kamikia Kisedje/WWF-Brasil

A Mata Atlântica é um bioma presente em dezessete estados brasileiros. São mais de 3 mil e 400 municípios cobertos por um ecossistema rico em diversidade e que vem sendo devastado há 522 anos. E é também o ecossistema responsável pela maior parte dos alimentos produzidos no Brasil que vão direto para os pratos dos brasileiros: feijão, tomate, laranja.

Cerca de 27% de toda as terras destinadas para a agropecuária do país estão no bioma que é responsável por 52% da produção de alimentos do país.

Em alguns casos, o índice é ainda maior. Responde por 56% dos alimentos de origem animal, por 9 a cada 10 quilos de feijão preto. Quase 7 a cada 10 quilos do tomate e praticamente 100% da produção de maçãs.

Não entram na conta soja, milho e cana, usados para alimentação animal ou de outras formas de consumo indireto. Neste caso, a Mata Atlântica é responsável por 43% da produção nacional.

Mesmo produzindo tanto, o bioma é responsável por cerca de um quarto, 26%, do total de emissões de gases de efeito estufa do setor agropecuário. Fica em segundo lugar, atrás do Cerrado, responsável por 32% dos gases de efeito estufa do setor agrícola.

Também conta com forte presença da agricultura familiar. As pequenas propriedades ocupam 35% do bioma.

Por outro lado, regiões da Mata Atlântica nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo estão entre as que mais usam agrotóxicos.

O diagnóstico está em um estudo da Fundação SOS Mata Atlântica.

Os dados foram apresentados na COP 27, a Conferência Mundial do Clima, que acontece no Egito. E foi de lá que o diretor executivo da Fundação, Luís Fernando Guedes Pinto, falou que o bioma pode ser exemplo para a produção agrícola de baixo carbono em todo o país.

Ele acredita que se houver a redução do desmatamento, regeneração de florestas e o investimento em tecnologia de baixo carbono, o bioma pode alcançar a neutralidade das emissões – ou seja conseguir absorver os gases de efeito estufa na mesma proporção que emite.

Para fazer o estudo, foram usados dados dos Censos Agropecuários do IBGE, os dados de uso da terra do MapBiomas e o Atlas da Agropecuária Brasileira.

Edição: Roberto Marques Piza / Guilherme Strozi

Agência Brasil