BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O marqueteiro do presidente Lula (PT) na campanha de 2022, Sidônio Palmeira, intensificou a presença em Brasília nas últimas semanas. Em ao menos duas oportunidades desde 21 de março ele se encontrou com o mandatário para debater como melhorar a imagem do Executivo, incluindo uma reunião nesta quarta-feira (3) no Palácio da Alvorada.

Mesmo sem cargo no governo, Palmeira ainda participou de reunião para discutir estratégia de comunicação de órgãos do governo. Ele foi chamado a orientar, também na quarta, a equipe da ministra da Saúde, Nísia Trindade, que passa por uma crise devido à alta dos casos de dengue pelo país e a embates com parlamentares no Congresso Nacional.

A reunião entre ele a ministra deve ocorrer na próxima semana, quando se planeja uma entrevista coletiva de Nísia e Lula para mostrar resultados positivos da pasta.

A atuação de Palmeira ocorre diante de um cenário negativo na popularidade do governo em diferentes pesquisas. Além da tendência apontada por Ipec e Quaest, levantamento do Datafolha divulgado há duas semanas mostrou que a aprovação da gestão Lula empatou tecnicamente com a sua rejeição: 35% a 33%. No levantamento de dezembro, o placar estava em 38% a 30% —a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Na semana passada, o marqueteiro integrou a mesa que comandou a reunião convocada pelo ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, com representantes de nove ministérios, além da Caixa Econômica e do Banco do Brasil.

A convocação foi para secretários-executivos e chefes das assessorias de comunicação das pastas, mas nem todos estiveram presentes.

Em suas orientações, Palmeira disse que a gestão petista é melhor do que a atual percepção popular apontada por pesquisas. Para ele, isso seria sinal de que alguma coisa está errada.

Três integrantes do governo que estiveram na reunião relataram, sob reserva, que ele também disse que muitas vezes os problemas recaem sobre Pimenta, o titular da comunicação da gestão. Mas ressaltou: a culpa seria de todos.

“Comunicação sem amor, vontade, tesão, sem brilho não vai a lugar nenhum”, afirmou aos presentes.

Ele mencionou, ainda, que “um governo sem marca é um governo fraco”. O encontro durou uma hora e 50 minutos e, além de Pimenta e Palmeira, a secretária de Publicidade da Secom (Secretaria de Comunicação), Mariana Seixas Lima, também participou da mesa que orientou a reunião.

Palmeira disse, segundo os relatos, que os problemas enfrentados na pasta estão afetando a saúde de Pimenta, que tem dormido pouco. O ministro afirmou à reportagem que essas afirmações não passaram de uma brincadeira.

O marqueteiro também mencionou a necessidade de entender o momento da comunicação nos dias atuais e que pesquisas são retratos de um momento, uma tendência. Mas, segundo ele, Lula entenderia que resultados negativos dos levantamentos ocorrem porque o primeiro ano do governo foi de plantar e que, a partir de agora, começará a colheita de pautas positivas.

O chefe da Secom afirmou à reportagem que a reunião faz parte de uma rodada que será feita com todos os ministérios para preparar “uma ação de comunicação para o próximo período”.

“Desde o ano passado, em diversas oportunidades recebi convidados em reunião de trabalho. Normalmente, quem vai falar senta na mesa. Eu convidei para ouvir ele, como tenho ouvido outras pessoas”, disse.

Sidônio se aproximou de Lula e tornou-se marqueteiro da campanha de Lula em 2022 em meio a uma disputa interna que levou à destituição de seu antecessor, Augusto Fonseca.

Formado em engenharia, ele é descrito como pragmático, didático e com capacidade de análise política. De pé, o publicitário costuma apresentar à sua equipe um diagnóstico do cenário, delegando aos sócios a criação das peças publicitárias.

Colegas de profissão e políticos com quem trabalhou dizem que ele tem perfil conciliador, é pouco dado a rompantes e costuma ouvir antes de tomar uma decisão. Sidônio Palmeira foi procurado mas não quis falar com a reportagem.