Foto: Francisco Araújo/Amazônia Press

“Eu chegava lá às 4h da manhã e, às vezes, saía às 14h da tarde. Todo esse tempo sem receber hora extra ou vale-alimentação”, esse é o relato do cinegrafista que já trabalhou na Igreja Mundial do Poder de Deus. O ex-funcionário entrou em contato com a redação do portal Amazônia Press para fazer uma denúncia envolvendo o bispo Luciano e a parte administrativa da instituição. Conforme a queixa enviada, o bispo se recusava a efetuar o pagamento das horas extras e do vale-alimentação dos funcionários que, por muitas vezes, ultrapassavam o limite de horas de trabalho. A Igreja Mundial do Poder de Deus fica localizada na rua Pará, no bairro Nossa Senhora das Graças, zona centro-sul de Manaus.

O denunciante ressalta ainda que o bispo exigia que os cinegrafistas chegassem às 4 horas da manhã para que seja realizada a transmissão do culto, que inicia às 5h e termina às 8h. Em outras situações, o bispo também realizava outro culto a partir das 11h até às 13h30/14h.

“Ele chama os funcionários para trabalhar às 04 horas para transmitir o programa dele às 5h. Das 5h às 8h é feita a transmissão do programa dele. Aí quando é mais tarde, por volta das 11h ele faz um culto virtual que vai até umas 13h30 ou 14h da tarde. Se for calcular a carga horária dentro desse horário, o cinegrafista tem que estar na instituição até umas 10h30 ou 11h, que são as 6h de trabalho. Aí quando tu passa essas 2h ou 1h30 do horário, ele não está pagando a hora extra do cinegrafista. O mais difícil é que ele não está pagando o vale-alimentação também”, declarou.

Além disso, o denunciante também citou algumas situação em que os cinegrafistas tiveram que ficar até durante a noite na instituição para transmitir o culto noturno. “Quando tem culto à noite, que começa às 19h e termina às 21h, tudo isso é hora extra. Ele mesmo já disse que ele não paga hora extra. Ele exige que o funcionário vá, que siga as normas dele, mas quando é para não cumprir com os nossos direitos e com o dever dele… ele não faz isso. Tem funcionário lá que tem 12h, 15h, 20h dentro, mas ele não paga. E como a gente precisa… tem um homem que ofereceu o trabalho, nós aceitamos e só descobrimos a realidade na dor e na prática”, complementou ainda.

O ex-funcionário relatou ainda que chegaram à cobrar as horas extras e o vale-alimentação quando chegava o dia do pagamento, mas a parte administrativa da empresa alegava que o bispo não iria efetuar o pagamento de forma alguma. “Isso acontecia de segunda a sexta. Quando era sábado e domingo, que tem as reuniões principais, aí que se tornava mais difícil pois às vezes a gente entrava 8h da manhã e saía 15h30 da tarde. Ficava naquela questão, a gente passava do horário, anotava tudinho, passava para a administração, mas não tínhamos retorno. Então, muitos cinegrafistas quando descobriam isso, já saíam”, pontuou.

Talvez esse atraso no pagamento das horas extras e do vale-alimentação faça parte da conduta dos líderes da instituição. Em novembro de 2021, funcionários da sede da Igreja em São Paulo entraram em greve contra o pastor Valdemiro Santiago por não cumprir obrigações trabalhistas, atrasando os salários, o vale-alimentação e pelas irregularidades no depósito do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Tentamos contato com a Igreja Mundial do Poder de Deus, mas até o momento não recebemos quaisquer esclarecimentos.