João Tayah é bacharel em Direito pela Universidade Federal do Amazonas, Especialista em Gestão Pública pela Universidade do Estado do Amazonas e Especialista em Direito Público pela Universidade Anhanguera-Unidero. Exerce o cargo efetivo de Delegado de Polícia Civil, atualmente desempenhando suas funções nos plantões policiais da capital. É também professor de diversas faculdades e cursos preparatórios de Manaus.

Esta semana, o Vereador de Manaus Raiff Matos (Democrata Cristão, ex-cantor de boi, agora cantor gospel da Nova Igreja Batista) foi à SEMED para impedir a propagação da “ideologia de gênero” (sic) nas escolas municipais.

Primeiro: a Câmara Municipal não pode tratar sobre o assunto, pois a grade curricular do ensino nas escolas é de competência federal. O STF decidiu sobre isto ano passado (ADPF 457). Mas elegemos inúmeros vereadores que não têm conhecimentos mínimos sobre quais suas atribuições, então seguimos.

Segundo: antes de discutir o conteúdo das aulas, há uma pergunta mais importante e óbvia. Vai ter aula!? Os profissionais da educação foram vacinados? As escolas estão adaptadas para aulas presenciais numa pandemia? E a vacinação dos alunos? São questionamentos que deveriam estar sendo debatidos e fiscalizados pela Câmara Municipal, mas nenhum vereador está fazendo isto.

Terceiro: é inadmissível que um “representante do povo” inicie seu mandato sem saber o que é Estado Laico. E sem saber que a moral comum (as regras de comportamento social) não possuem importância jurídica nenhuma, portanto não deveriam ser pauta de uma reunião entre agentes políticos pagos pelos cofres públicos. Na minha avaliação, isto é um claro ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário.

Quarto: “ideologia de gênero” não existe. Não consta como matéria no ensino da língua portuguesa, da matemática, da história, da geografia ou das ciências em geral. É apenas uma desculpa esfarrapada que alguns políticos desonestos arranjaram para impor a “sua” ideologia conservadora e discriminatória, além de intimidar professores.

Enfim, seguimos pessimamente representados. Mas todo povo tem exatamente os representantes que merecem ter. E não é à toa que Manaus se tornou o epicentro da pandemia mundial, porque há incompetência de sobra entre os políticos eleitos. A população paga o alto preço de não saber votar.

João Tayah é bacharel em Direito pela Universidade Federal do Amazonas, Especialista em Gestão Pública pela Universidade do Estado do Amazonas e Especialista em Direito Público pela Universidade Anhanguera-Unidero. Exerce o cargo efetivo de Delegado de Polícia Civil, atualmente desempenhando suas funções nos plantões policiais da capital. É também professor de diversas faculdades e cursos preparatórios de Manaus.