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O novo filme dedicado à boneca sensação da Mattel ‘Barbie’ tem conquistado o mundo, incluindo a população russa, apesar de nem sequer estar em exibição no país devido às sanções ocidentais. Ainda assim, uma deputada da câmara baixa do parlamento daquele país apelou para que o brinquedo seja retirado do mercado russo, criticando o filme por considerar que está a “importar questões LGBTQ+ para a Rússia”.

“O que vemos [no filme]: gays, travestis, mulheres que dominam o mundo. Não há dúvida de que uma união entre um homem e uma mulher [é o correto]. A nossa tarefa é promover as nossas imagens”, disse Maria Butina, membro do Comitê da Assembleia Nacional da Duma para os Assuntos Internacionais, em entrevista ao canal Duma TV, publicada este sábado.

Nessa linha, a parlamentar que, em 2018, foi formalmente acusada de ser uma agente secreta russa nos Estados Unidos, defendeu que a empresa Mattel e a própria boneca devem ser retiradas do mercado russo, uma vez que, na sua ótica, estão a “importar questões LGBTQ+ para a Rússia”.

“Sou categoricamente contra a comercialização nas nossas lojas de bonecas, por exemplo, de pessoas transgénero, ou bonecas que promovam relações entre pessoas do mesmo sexo”, reforçou, em declarações à agência russa RIA.

Ao mesmo meio, Butina salientou que o governo deveria focar-se na aquisição de bonecas fabricadas na Rússia para as creches do país que, ao contrário da Barbie, tenham a “mensagem certa”.

Para a responsável, as bonecas da Mattel “são o motor da propaganda LGBTQ+”, sendo inaceitáveis à luz da lei assinada pelo presidente Vladimir Putin em 2013, que proibia a disseminação de ideias sobre aquela comunidade entre crianças.

Mas esta não é a primeira parlamentar contra a Barbie. Vitaly Milonov, também ele deputado da Duma russa, proclamou, em entrevista ao El Mundo, a “toxicidade” da boneca norte-americana, apontando que a cultura russa é “rica” em personagens dignas de maior atenção.

“É uma boneca pin-up americana, um bocado tola para a tradição russa, diferente dos meninos e meninas que são considerados ‘bons’ no nosso país”, disse, na época.

Na verdade, em 2019, Milonov tentou proibir as Barbie sem características femininas ou masculinas, que caracterizou como “bonecos anormais”. Alertou, inclusivamente, que quem vendesse estas bonecas deveria ser preso por atos de perversão contra crianças, além de ter sugerido que quem reportasse os locais de venda fosse recompensado com um “distintivo”. Acontece que estas bonecas nem sequer foram comercializadas no país.

Sublinhe-se ainda que, em 2002, o Ministério da Educação da Rússia incluiu a Barbie numa longa lista de personagens do imaginário infantil ocidental banidas no país, alegadamente devido aos efeitos nocivos que teriam nas mentes das crianças, reportou o The Guardian.

Na altura, a ‘guerra’ contra a Barbie devia-se à noção de que a boneca estava a despertar a sexualidade dos mais novos, bem como a encorajar o consumismo.

Nesta lista estavam também as figuras e cartas Pokémon, fazendo recordar as proibições durante a era soviética.

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