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É comum atribuir processos de perda ou ganho de peso às alterações hormonais geradas por alguma anormalidade na tireoide, glândula responsável pela produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). Porém, Dra. Isis Toledo, Médica Endocrinologista e Metabologista pela SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), argumenta: “Essa crença não tem fundamento, já que as variações de peso após tratamentos de tireoide são muito pequenas”.

A seguir, a especialista responde a suposições comuns, mas nem sempre verdadeiras, relacionadas aos comportamentos e efeitos da tireoide.

Na ausência de fome acompanhada de ganho de peso, o hipotireoidismo é o responsável.

MITO: “Um dos grandes mitos acerca do hipotireoidismo é de que ele faz o paciente engordar. Embora o ganho de peso seja uma das manifestações clínicas dessa disfunção da tireoide, existem inúmeros pacientes que não apresentam este sintoma”, explica Dra. Isis. Ela detalha que, exceto em situações em que o TSH está extremamente elevado, a variação de peso depois do tratamento é irrelevante.

Considerando o senso comum de que os hormônios de tireoide afetam o metabolismo e a termogênese, supostamente mexendo no peso da pessoa, a metabologista explica: “O que os dados sugerem é que o aumento do gasto energético após o tratamento fica contrabalanceado por um aumento da fome e um consequente consumo calórico maior”.

O hipertireoidismo ajuda a perder peso.

MITO: “Pacientes com hipertireoidismo, ou seja, quando há uma produção excessiva dos hormônios da tireóide (T3 e T4) podem passar por uma perda de peso – além de outros sintomas – que se neutralizará após o tratamento da doença”, enfatiza Dra. Isis.

Doença da tireoide impede o emagrecimento.

MITO: “Caso você tenha doença da tireoide e trate-a adequadamente, não haverá alteração metabólica”, diz a médica.

Alimentos ricos em iodo protegem a tireoide.

MITO: A endocrinologista e metabologista reflete sobre o consumo médio de sal do brasileiro, e conclui que trata-se de um valor já superior ao necessário para a saúde da glândula. “A última Pesquisa de Orçamentos Domiciliares do Ministério da Saúde, de 2003, apontou que o brasileiro possui, em média, o consumo domiciliar diário de sal de 9,6 g. Esse valor, somado ao sal proveniente de alimentos processados e dos alimentos consumidos fora de casa, perfazem um consumo de 12g de sal ao dia, superior ao recomendado”, conta.

Segundo ela, as recomendações de grupos internacionais como ICCIDD, WHO, US National Academy of Sciences e UNICEF convergem na recomendação de ingestão diária de iodo por faixa etária:

0-7 anos: 90 microgramas (mcg)

7-12 anos: 120 mcg

Acima de 12 anos: 150 mcg

Mulheres grávidas ou em amamentação: 200 a 250 mcg

A alimentação não interfere no ganho de peso, quando ele é causado por questões da tireoide.

MITO: “A quantidade de calorias consumidas ao longo do dia é o que rege o ganho ou redução do peso corporal. Se um paciente está em superávit calórico, ganha peso; se estiver em déficit calórico, perde peso. Logo, é fundamental se preocupar com a alimentação”, contrapõe a médica.

ENTENDA O QUE É IMPORTANTE SOBRE AS DISFUNÇÕES DA TIREOIDE

O hipotireoidismo causa um aumento de volume da tireoide e uma queda na produção dos hormônios T3 e T4. Dra. Isis indica os sintomas comuns dessa condição: depressão, desaceleração dos batimentos cardíacos, intestino preso, menstruação irregular, diminuição da memória, cansaço excessivo, dores musculares, sonolência excessiva, pele seca, queda de cabelo, discreto ganho de peso e aumento do colesterol no sangue.

“Apesar de mais comum em mulheres, a disfunção pode ocorrer também em homens e até crianças, ou seja, independe da idade”, informa a endocrinologista.

Por outro lado, o hipertireoidismo ocorre quando há uma produção excessiva dos hormônios da tireoide (T3 e T4). “Em sua forma mais suave, ele não apresenta sintomas facilmente diagnosticáveis ou apenas distúrbios como fraqueza ou sensação de desconforto”, aponta Dra. Isis. Entretanto, segundo ela, em seu aspecto mais grave, pode até levar à morte, além de apresentar riscos à gravidez ou à fertilidade feminina.

O aumento no volume da tireoide durante o hipertireoidismo pode conduzir a sintomas como: aceleração dos batimentos cardíacos acima de 100 por minuto (taquicardia); irregularidade no ritmo cardíaco (principalmente em pacientes com mais de 60 anos); nervosismo, ansiedade e irritação; mãos trêmulas e sudoreicas; perda de apetite; intolerância a temperaturas quentes e probabilidade de aumento da sudorese; queda de cabelo e/ou fraqueza do couro cabeludo; rápido crescimento das unhas, com tendência à descamação; fraqueza nos músculos, especialmente nos braços e coxas; intestino solto; perda de peso importante; alterações no período menstrual; aumento da probabilidade de aborto; olhar fixo; protusão dos olhos, com ou sem visão dupla (em pacientes com a Doença de Graves); acelerada perda de cálcio dos ossos, com aumento do risco de osteoporose e fraturas.

Por fim, Dra. Isis revela que o hipertireoidismo pode ser gerado a partir de quadros como: Doença de Graves; bócio; existência de nódulo tóxico (que produz mais hormônio tireoideano do que o necessário); tireoidite subaguda, silenciosa ou pós-parto; ingestão excessiva de iodo (presente em comprimidos de alga, expectorantes ou em amiodarona, usada em remédios para arritmia cardíaca); e a superdosagem de hormônio tireoideano.

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