Foto: Valter Campanato

As projeções para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicam um aumento, de acordo com o mais recente Boletim Focus do Banco Central. A estimativa para o IPCA deste ano foi revista para cima, passando de 4,84% para 4,9%. Enquanto isso, a previsão para 2024 permaneceu em 3,86%, e para os anos 2025 e 2026, a expectativa é de 3,5% para ambos.

O destaque da pesquisa é a projeção para 2023, que ultrapassa o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta é de 3,25% para este ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, resultando em uma faixa de 1,75% a 4,75%. O Banco Central informou que o último Relatório de Inflação aponta uma probabilidade de 61% de a inflação oficial superar o teto da meta em 2023.

A projeção para 2024 também está acima do centro da meta de 3%, mas ainda dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No mês de julho, o IPCA foi impactado pelo aumento nos preços da gasolina, atingindo 0,12%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso representa uma alta em relação ao mês anterior (-0,08%) e ao mesmo período do ano anterior (-0,68%). Com esses resultados, a inflação oficial acumulou 2,99% no ano, enquanto a taxa acumulada nos últimos 12 meses chegou a 3,99%, acima dos 3,16% registrados até junho.

O Banco Central utiliza a taxa básica de juros, a Selic, como instrumento-chave para controlar a inflação. A taxa de juros atual é de 13,25% ao ano, estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Diante da desaceleração do IPCA, o Copom iniciou um ciclo de redução da Selic neste mês.

A última redução na Selic ocorreu em agosto de 2020, quando a taxa caiu de 2,25% para 2% ao ano, em resposta à recessão econômica causada pela pandemia de COVID-19. Posteriormente, o Copom realizou 12 aumentos consecutivos na Selic, a partir de março de 2021, em resposta à elevação dos preços de alimentos, energia e combustíveis. Desde agosto do ano passado, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete ajustes consecutivos.

As previsões do mercado apontam para uma Selic de 11,75% ao ano no final de 2023. Para o final de 2024, a expectativa é de uma queda para 9%. Quanto a 2025 e 2026, a projeção é de uma Selic em 8,5% ao ano para ambos os anos.

Alterações na Selic influenciam diretamente o custo do crédito e a atividade econômica. O aumento da taxa tende a desacelerar a demanda, enquanto a sua redução busca estimular o consumo e a produção, com consequências para a inflação e o crescimento econômico.

As previsões para o crescimento da economia brasileira em 2023 permanecem em 2,29%, de acordo com o Boletim Focus. Para 2024, estima-se um crescimento de 1,33% no Produto Interno Bruto (PIB). As projeções para 2025 e 2026 indicam um crescimento do PIB em 1,9% e 2%, respectivamente.

No que diz respeito à cotação do dólar, a previsão é de que alcance R$ 4,95 até o final de 2023, e de R$ 5,00 até o final de 2024.