SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Domingo de Carnaval, 11h da manhã, e a calmaria tomava conta da praça Padre Arnaldo, na Lapa. O completo oposto da folia que tomaria conta do mesmo local horas mais tarde graças ao bloco ‘Tia é o c*raleo’, comandado por um grupo de amigos que decidiu não apenas fazer parte da festa, como também colocar a mão na massa.

E não é um grupo qualquer de amigos, é um grupo de sete pessoas que realmente amam o Carnaval. No currículo deles, a folia já foi vivida em Salvador, Recife, Olinda e por aí vai. Quando os blocos de rua começaram a crescer, eles também se aventuraram sem medo.

E embora a idade mais avançada não fosse uma questão para eles, foi por causa dela que a “semente” do bloco foi plantada. No meio da chuva de um bloco em 2018, eles se abrigaram em um bar.

“Todo mundo entrou e ficou muito apertado. Eu falei: ‘Ah, não vou ficar aqui’. Saí pra rua, abri minha sombrinha e fiquei. Veio um menino e falou: ‘Posso ficar aqui debaixo [da sua sombrinha]?’. Eu falei que podia e ele chamou a namorada: ‘Vem que a tia é legal’. Na hora que ele falou isso eu dei um p*ta berro: ‘Tia é o c*ralho!'”, afirma Sandra Schkolnick.

Depois do episódio, o grupo se reuniu na casa de uma amiga na Vila Anastácio para fazer um samba, Eles logo pensaram: “Isso daria um bom nome de bloco!”. E o resto é história? O ‘Tia é o C*raleo’ desfilou pela primeira vez em 2019, pausou durante a pandemia, e voltou em 2023.

E engana-se quem acha que o bloco é excludente, pelo contrário. “Apesar do nome, não é uma coisa? A gente fala que inaugurou a categoria 50+ na folia paulistana. Até então existia o de idosos, mas não existia essa”, explicou Sandra.

A fórmula da localização mais afastada do centro, a música boa e a receptividade dos fundadores transformou o ‘Tia é o C*raleo’ no destino certeiro para quem quer folia, mas não está disposto a enfrentar os perrengues.

“A gente optou por não sair em cortejo, até porque não sabíamos como seria essa coisa [de fazer bloco de Carnaval]. Acho legal também a pracinha, porque já no primeiro ano um tanto de gente trouxe cadeira, guarda-sol, ficou super simpático. A gente faz marchinhas, sambas, um pouco de axé”, diz Sandra.

“Quando postamos nas redes sociais, recebemos no privado muita gente perguntando: ‘Ah, será que eu consigo ir?’; ‘Tô sozinha, meus amigos não vão mais no Carnaval’, ‘Minha filha não quer me acompanhar’. neste domingo (11) mesmo eu respondi para que viesse [sozinha mesmo]”.