Com maioria conservadora, a Suprema Corte dos Estados Unidos (EUA) declarou, nesta quinta-feira (29/6), como inconstitucionais ações afirmativas relacionadas a políticas de admissão de alunos nas universidades do país. As conhecidas cotas raciais objetivavam aumentar a quantidade de estudantes negros, hispânicos e de outras minorias.
A Suprema Corte decidiu a favor do grupo Students for Fair Admissions, fundado pelo ativista conservador Edward Blum — defensor de que a raça não deve ajudar nem prejudicar os esforços de uma vida. A medida foi aprovada em processos movidos pelo grupo contra as universidades de Harvard e da Carolina do Norte.
Ao contrário do Brasil, que adota o sistema de cotas, os EUA tinha apenas um sistema que considerava que raça era um critério para um aluno ser convocado.
Em 1978, a Corte dos EUA decidiu que as instituições de ensino superior não poderiam criar um sistema de cotas, mas que poderiam usar a raça como critério de seleção.
Na decisão, o presidente da Suprema Corte, John Roberts, escreveu que o benefício a um estudante que sofre discriminação racial tem que estar relacionado “à coragem e à determinação daquele estudante”.
“Em outras palavras, o estudante deve ser tratado com base em suas experiências como indivíduo, e não com base na raça.”
Segundo Harvard, quase 40% das instituições de ensino superior dos EUA consideram a raça durante o processo de seleção de estudantes. A direção de Harvard anunciou que cumpritá a decisão da Suprema Corte nas próximas semanas.
Sociedade daltônica
O ativista conservador Edward Blum disse, em entrevista, que a “nação não pode remediar a discriminação do passado com uma nova discriminação”.
Segundo ele, a maioria dos norte-americanos concorda e acredita em uma “sociedade daltônica”, onde a raça não será motivo de discussão.
Repercussão entre presidentes
O presidente norte-americano Joe Biden afirmou que discorda veementemente da decisão da Suprema Corte do país. Por outro lado, o ex-mandatário e republicano Donald Trump declarou que esta quinta “é um grande dia para os EUA”.
Por outro lado, o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama, disse que “a ação afirmativa nunca foi uma resposta completa na busca por uma sociedade mais justa”.
“Mas para gerações de alunos que foram sistematicamente excluídos da maioria das principais instituições da América, isso nos deu a chance de mostrar que mais do que merecíamos um lugar à mesa”, escreveu Obama no Twitter.
Fonte: Metrópoles