A rede de varejo chinesa Shein anunciou planos de abrir cinco lojas temporárias no Brasil em 2023. A primeira será em Belo Horizonte, no início do ano. As outras quatro cidades não foram confirmadas, nem as datas exatas de abertura. As informações foram antecipadas pelo UOL e confirmadas pela Folha.
Fundada na China, a Shein tem sede em Singapura e é um dos sites de roupas mais acessados no Brasil. O negócio nasceu em 2008 como um site de venda de vestidos de noiva, mas viu sua popularidade disparar na pandemia ao oferecer um catálogo de roupas com preços baixos.
Em novembro, uma loja temporária foi aberta em São Paulo, mas houve confusão. O espaço, no shopping Vila Olímpia, não deu conta da demanda. Uma fila de cerca de 7.000 pessoas foi formada na abertura da loja, o que gerou tumulto no shopping.
“Há relatos de pessoas que chegaram às 3h da manhã, e algumas até acamparam, com barraca, na fila”, disse à Folha, na época, Felipe Feistler, diretor-geral da Shein no Brasil. “É claro que quem ficou tanto tempo esperando pode ficar frustrado, às 9h da manhã, em ter que ceder espaço para uma fila preferencial, como determina a lei.”
A loja aberta em São Paulo funcionou por apenas cinco dias. A Shein não divulgou por quanto tempo as novas unidades temporárias devem ficar abertas.
A unidade pop-up de São Paulo foi a primeira a ter vendas no Brasil. Em março, a empresa havia aberto uma loja temporária no Rio, que funcionou apenas como show room, sem comercializar produtos. Em dez dias, o ponto carioca recebeu 5.000 visitantes -mesma quantidade de consumidores que conseguiram entrar nos cinco dias da loja paulistana.
A empresa não tem fábrica. Está presente em cerca de 150 países e tem 10 mil colaboradores, entre próprios e terceiros. O diferencial da companhia, segundo Feistler, é a “tecnologia de produção sob demanda”. “Nós fazemos testes com 100 a 200 peças no aplicativo. Uma vez que a demanda se confirma, escalamos a produção. Tudo é muito rápido, em tempo real”, diz.
A varejista estima que este modelo de negócios evite uma perda de 20% na cadeia produtiva. “Assim conseguimos oferecer preços mais em conta que a média de mercado”, afirma o diretor-geral. “Em vez de produzir 10 mil produtos para só depois descobrir se haverá venda ou não, produzimos de 100 a 200 e confirmamos a demanda.”
A Shein foi foco de um documentário britânico, “Untold: inside the Shein Machine”, que denunciou jornadas de trabalho de até 18 horas diárias por baixos salários. Feistler defende o modus operandi da varejista.
“Trabalhamos com muitos fornecedores da China, principalmente. Eles precisam seguir regras da OIT [Organização Internacional do Trabalho]. Fazemos auditorias. Caso algum fornecedor não passe pelas auditorias, é investigado e paramos de trabalhar com ele”, diz o diretor.