Os serviços avançaram 0,5% em agosto, na comparação com julho, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo IBGE. É o quinto mês seguido de alta da atividade, levando o setor a alcançar o maior patamar desde 2015.
O resultado veio em linha com o esperado. Analistas consultados pela Reuters projetavam alta exatamente de 0,5% no mês. Apesar do resultado positivo – o setor está 4,6% acima de fevereiro do ano passado, anterior à pandemia – já há sinais de desaceleração.
Nos últimos quatro meses, os serviços cresceram ao ritmo de 1% por mês ou mais. Ainda assim, a atividade – que foi a mais afetada na pandemia e a que mais demorou para se recuperar – teve desempenho melhor que indústria e comércio, que apresentam queda em agosto.
Das cinco atividades pesquisadas, quatro apresentaram taxa positiva. Os serviços de informação e comunicação avançaram 1,2% enquanto os serviços relacionados a transportes tiveram alta de 1,1%, após resultados negativos em julho.
Os serviços prestados avançaram 4,1% em agosto mediante o avanço do segmento de alojamento e alimentação, que inclui hotéis e restaurantes. Essa é a quinta taxa positiva desde abril.
Mesmo com o avanço em agosto, os serviços prestados às famílias operam 17,4% abaixo do patamar de fevereiro de 2020.
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“O setor de serviços mantém sua trajetória de recuperação em agosto, sobretudo nos serviços considerados não presenciais, mas também nos presenciais, com o avanço da vacinação e o aumento da mobilidade das pessoas”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Inflação e desemprego
Analistas avaliam que o avanço da vacinação contra a Covid-19, que possibilita a ampla reabertura da economia, tende a manter o setor de serviços em trajetória de recuperação. Mas economistas já acenderam o sinal de alerta quanto a incertezas que podem dificultar a atividade econômica.
Há quem calcule que a expansão do setor de serviços caia à metade em 2021, com possibilidade de estagnação da atividade no ano que vem.
Isso porque a disparada da inflação, que já chega a dois dígitos em 12 meses, pressiona o custo das empresas e diminui o poder de compra das famílias.
Em setembro, o Índice de Confiança de Serviços, (ICS) medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) caiu 3,4, para 102,3 pontos.
“O nível de confiança do setor de serviços continua acima do nível pré-pandemia, mas alguns fatores podem frear o ritmo de recuperação, como a recente queda da confiança do consumidor, lenta recuperação do mercado de trabalho, inflação e incertezas relacionadas ao controle da pandemia”, avaliou Rodolpho Tobler, economista do Ibre/FGV, em nota.