O Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil – 15 de Fevereiro reacende o debate sobre mecanismos de prevenção à doença, bem como seus sinais e sintomas. Nesse sentido, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) alerta que alimentação saudável tem um papel fundamental no desenvolvimento de uma criança, ajudando a prevenir o câncer, que por ser uma doença silenciosa pode ter os sintomas confundidos com outras ocorrências comuns na infância.
Por isso, consultas periódicas ao pediatra são essenciais para identificar os primeiros sinais de câncer e encaminhar a criança para investigação diagnóstica e tratamento especializado.
Entre os sintomas que devem acender o alerta entre pais e responsáveis estão palidez, hematomas ou sangramento; dor óssea; caroços ou inchaços, principalmente aqueles indolores e sem febre; perda de peso sem causa aparente; tosse persistente; suores noturnos; falta de ar; alterações nos olhos, como estrabismo; inchaço abdominal; dores de cabeça persistentes ou graves; vômitos pela manhã com piora ao longo do dia; dor em membros e inchaço sem traumas.
Incidência – Segundo a coordenadora estadual do Programa de Oncologia da Sespa, Patrícia Martins, o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. “Quanto mais cedo se descobre a doença, o tratamento torna-se menos agressivo para a criança”, esclarece.
No Pará, os cânceres mais frequentes na infância e adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático).
Segundo dados do Painel Oncologia, do Ministério da Saúde, 466 casos de câncer na faixa de 0 a 19 anos foram diagnosticados no Pará em 2020, dos quais 190 de leucemia linfóide e 27 de doença de Hodgkin. No ano seguinte, foram registrados 320 casos, novamente com predominância da leucemia linfóide (146 novos pacientes) e doença de Hodgkin, com 13 casos.
Para facilitar o diagnóstico e tratamento do câncer, a Sespa trabalha para descentralizar o atendimento em todas as regiões do Pará. Atualmente, o atendimento dos usuários na faixa de 0 a 19 anos, no Sistema Único de Saúde (SUS), inicia nas unidades da Atenção Primária, com a oferta de serviços nos municípios. O paciente pode, conforme a necessidade, ser encaminhado para tratamento com cirurgia, radioterapia ou quimioterapia no Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo, em Belém, e Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, na região Oeste.
Cuidado desde a gestação – Mesmo com os recursos disponíveis no Sistema Único de Saúde para tratamento do câncer infantil, o ideal é evitar que se chegue a esse estágio por meio da alimentação balanceada e livre de conservantes, cuidado que pode ser iniciado pela mãe ainda na gestação.
Em nota técnica, a Coordenação Estadual de Nutrição da Sespa informa que a “promoção da alimentação adequada e saudável é muito importante para a prevenção do câncer e de outras doenças crônicas em todas as fases da vida”.
Recomendações – Baseada em critérios técnicos, a Sespa recomenda o aleitamento materno exclusivo para crianças com até seis meses de idade. Após esse período, continuar recebendo leite materno até o 2º ano de vida, com a alimentação sendo complementada aos poucos, em três refeições ao dia (papa de fruta no meio da manhã e da tarde, e papa salgada no almoço) e assim evoluindo até chegar aos 12 meses, quando a criança deve continuar a ser amamentada e receber três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches (de preferência com frutas).
Essa refeição já pode ser igual à da família, mas sem alimentos industrializados, principalmente os ultraprocessados, gordurosos, com excesso de sal e açucarados. Também devem ser evitados preparações ou produtos que contenham açúcar para a criança de até 2 anos, como sucos, refrigerante e outras bebidas açucaradas.
Segundo a coordenadora de Nutrição da Sespa, Walquíria Moraes, é importante prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança, evitando que seja ofertado alimento além do necessário. A criança nunca deve ser forçada a comer. Para isso, os pais devem saber quais alimentos ela está rejeitando e modificar o modo de preparo. O exemplo dos pais à mesa também é muito importante no período de construção de bons hábitos alimentares.
Ações educativas – A Coordenação Estadual de Nutrição desenvolve ações educativas e projetos visando à promoção de hábitos saudáveis e à prevenção do câncer e outras doenças crônicas direcionadas à população em geral, como o Projeto “Práticas de Educação em Saúde, Alimentar e Nutricional em um Hospital Oncológico Infantil”, desenvolvido em parceria com o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo. O objetivo é a promoção da saúde por meio da alimentação saudável entre pacientes em tratamento que frequentam a classe hospitalar do hospital.
O Dia Internacional de Luta contra o Câncer Infantil foi criado há 20 anos pela Childhood Cancer International, instituição que atua em quase 90 países, nos cinco continentes, com o objetivo de conscientizar a população sobre a doença e expressar apoio às crianças e aos adolescentes, e também às famílias.