Olá, como vai você?
A expressão mãe atípica ou maternidade atípica, para quem não está familiarizada com a temática, tem seu significado a ver com aquela que cuida e lida com a criação de uma pessoa com deficiência. Não é só e simplesmente levar para a escola, consultas ou qualquer outra atividade que se faça necessário. É estar presente de maneira mais ativa no desenvolvimento do pequeno amado desde seus primeiros desenvolvimentos até por toda sua vida, ou enquanto seus cuidados de amor e dedicação forem necessários e imprescindíveis.
A palavra mãe, por si só, já vem preenchida de muitos significados importantes. Agora, em se tratando de ser mãe atípica, é muito mais do que tudo que você pode imaginar porque se trata de um amor incondicional sem hora, dia ou momento para ser exigido.
Você pode estar se questionando: “mãe é mãe. Por que mãe atípica?”. Eu também me fiz este questionamento.
Imagine, além de toda a transformação de seu corpo para gerar e criar outro ser, toda a responsabilidade da maternidade e a confusão dos hormônios, além das noites pouco dormidas, ou exaustivas ao lado do pequeno ser que você quer ver feliz, suas emoções e conflitos psicológicos vão acontecer ao longo desse processo e precisam de um direcionamento eficiente. Conciliar sua vida, sua demanda que de repente você ver tudo mudar, você precisará de força extra para enfrentar as muitas filas da assistência social, os pesadelos dos diagnósticos que parecem não fechar, quando um está sendo fechado, outros aparecem e outros… será preciso conciliar, a rotina dos muitos afazeres em casa, no seu trabalho, as múltiplas terapias para que seu filho seja estimulado precocemente e tenha o mínimo de condições para ser aceito em uma sociedade complicada e…, as equipes multidisciplinares, as muitas consultas medicas, idas e vindas dos hospitais, muitas vezes as cirurgias que se fazem necessárias, os embates em busca de qualidade de vida, a grande luta por inclusão, essa lista é infinita, buscar escolas que possam desenvolver o potencial da criança, depois do adolescente, as dúvidas que surgem na corrida de uma vida com dignidade e respeito, vou parar por aqui porque eu lembro de tantas outras questões que deveriam estar em pauta. Todo esse processo para aproximar nosso filho das pessoas chamadas típicas.
Alguns anos atrás se dizia pessoa com necessidades especiais, hoje se diz pessoa com deficiência, ou portadores de deficiência. Para fazer a sociedade refletir sobre a importância da inclusão e de um olhar de respeito e dignidade para o tema, foi mais ou menos assim que a palavra atípica surgiu. Caso você seja pai, mãe, responsável por uma pessoa atípica, saiba que você faz parte de um grupo que sempre busca conhecimento para cuidar da melhor maneira possível da pessoa que está sobre sua responsabilidade ou de seus cuidados.
Eu sou mãe atípica da Daniela com síndrome de Down, por este motivo, sei o que você já passou e passa para buscar uma vida melhor para quem você ama.
Talvez um dos maiores objetivos e preocupação de ser mãe atípica é tentar construir um mundo melhor para os que estão chegando, essa preocupação se constrói em buscar com a educação e o convívio da inclusão ensinar os outros e fazer com que nossos filhos possam crescer em uma sociedade com respeito e aceitação. Uma cultura que ensina nas escolas e em todos os ambientes da sociedade o valor de uma cultura amadurecida em prol da adversidade, do humano, do valor ao outro e principalmente do respeito, o respeito é fundamental para mudarmos uma sociedade, quando uma sociedade é respeitosa, o preconceito é trabalhado, o descaso deixa de existir e o invisível passa a ser visível. O mundo muda quando você o enxerga de maneira respeitosa. As pessoas aprendem a olhar para o outro com outros olhos e com pequenas atitudes aprendidas em casa, e depois demonstradas no social, novas boas maneiras vão sendo criadas.
É claro que atípica, típica, normal e anormal serão encontradas nos dicionários, entretanto, trabalhar com atípica tem uma conotação de diferente e não de anormal. É muito cruel chamar uma pessoa com deficiência de anormal, eu mesma no passado já escutei essa expressão e confesso que voltei para casa com a alma em pranto. Esse tipo de expressão que esconde preconceito ou ignorância precisa ser esclarecido e banido de uma sociedade que busca respeito e dignidade para todos os seus cidadãos.
Para você mãe, eu desejo um dia especial, e que seu dia seja lembrado todos os 365 dias do ano, pois ser mãe não é ser qualquer pessoa, mãe na sua maior acepção da palavra.