As micro e pequenas empresas foram responsáveis pela geração de quase 78% das vagas com carteira assinada em 2021. Levantamento do Sebrae, antecipado ao GLOBO, aponta que do saldo de 2,7 milhões de empregos formais, registrado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, 2,1 milhões vieram dos pequenos negócios.
A criação de 2.122.217 postos de trabalho representa um salto de 38 vezes em relação ao resultado de 2020, quando as micro e pequenas empresas geraram 56.087 vagas de emprego formal. Após revisões do governo federal, o saldo de emprego em 2020 foi negativo – foram fechadas 191,4 mil vagas.
De acordo com o levantamento do Sebrae, o resultado ruim naquele ano ficou concentrado em médias e grandes empresas, que registraram o fechamento de 274.220 vagas.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, afirma que o resultado do Caged comprova o que já aparecia nos monitoramentos feitos pela entidade ao longo da pandemia.
“Em 2021, de cada 10 empregos, a micro e pequena empresa geraram oito. Além de concentrar a geração de vagas, as micro e pequenas empresas tem algumas características particulares, como contratar mais e demitir menos, além de manter uma relação muito mais próxima com o contratado”, aponta.
Para ele, o desempenho positivo na geração de emprego é fruto de medidas que trouxeram fôlego durante a pandemia, como o próprio auxílio emergencial e o programa de manutenção do emprego e renda (BEm), e ações de crédito. A manutenção desses resultados vai depender da consolidação da oferta de crédito:
“O crédito agora torna-se ainda mais importante do que era.”
O assunto foi debatido por Melles e representantes de diversos setores na Associação Comercial de São Paulo em encontro com o ministro da Economia, Paulo Guedes.
“O ministro ouviu a importância de ter o Refis e de ter microcrédito e algum dinheiro assistido agora, com ações de crédito orientado e educação empreendedora e inovação digital para os microempreendedores individuais e micro e pequenas empresas”, relatou.
O Sebrae está trabalhando junto aos parlamentares para reforçar a importância da derrubada do veto do projeto que cria o Programa de Reescalonamento do Pagamento de Débitos no Âmbito do Simples Nacional (RELP), que daria mais fôlego para essas pequenas empresas.
Saldo positivo em todos os estados
Em 2021, todos os estados fecharam o ano com saldo positivo na geração de empregos por micro e pequenas empresas. Em sete deles, o número de empregos criados ultrapassou a marca dos 100 mil postos.
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São Paulo foi o estado que mais criou vagas, com 532.386 vindos das pequenas e micro empresas. Na sequência, aparecem Minas Gerais, com 233.578 vagas, e Rio de Janeiro, com 159.818 empregos.
Neste patamar ainda estão Paraná (143.733), Santa Catarina (125.319), Rio Grande do Sul (111.845) e Bahia (108.960).
Os menores saldos, com resultado inferior a 10 mil postos de trabalho, ficaram na região Norte: Acre, com saldo de 6.098, Amapá, que registrou criação de 5.564 vagas, e Roraima, com 5.469 empregos com carteira assinada gerados por micro e pequenas empresas.
Em relação aos setores, a geração de vagas foi maior para o ramo de construção de edifícios, com 93.439 postos de trabalhos. Ela foi seguida de atividades de restaurantes, com 57.511 postos, e transporte rodoviário de cara (exceto produtos perigosos e mudanças), que somou 49.565 vagas.
Ainda estão entre os setores com mais ofertas o de supermercados (49.301), serviços combinados de escritório e apoio administrativo (45.859), comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (36.839) e comércio varejista de produtos farmacêuticos, sem manipulação de fórmulas (31.984).
Pequenos negócios como minimercados, mercearias e armazéns geraram 29.133 empregos. O Sebrae também destacou lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares (28.854) e serviços de engenharia (27.531).
O Sebrae analisou os microdados do Caged e separou as empresas pela classificação de porte, que considera o setor econômico e quantidade de empregados. As microempresas podem ter até nove ou 19 empregados, a depender do setor. Para as pequenas empresas, esses números variam de 10 a 49 empregados ou de 20 a 99 funcionários.
Foram considerados os setores extrativista mineral, indústria de transformação, construção, agropecuária, comércio e serviços. Não foram consideradas empresas da administração pública.
Fôlego com o Refis
Quase 600 mil empresas realizaram sua adesão ao Simples Nacional no mês de janeiro, segundo a Receita Federal. A alta procura é explicada pelo prazo estendido para a regularização de débitos de empresas deste regime, que vai até 31 de março. São 437,4 mil pedidos pendentes de empresas que seriam beneficiadas por este prazo extra.
A prorrogação desse prazo para regularização de débitos do Simples dá mais tempo para o Congresso se articular após o recesso parlamentar para derrubar o veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que permitiria o parcelamento de R$ 50 bilhões de dívidas de pequenas e microempresas