Na última quinta-feira (23), o youtuber e blogueiro Eduardo Camargo, conhecido por fazer parte do canal Diva Depressão,foi internado e passou por uma cirurgia de emergênciaapós ter espremido uma espinha localizada no testículo.
A espinha inflamou, iniciou um processo infeccioso e passou a acumular pus.
“Foi uma hora de cirurgia. O médico disse que foi uma infecção grave, mas que conseguiu conter no lugar, não se espalhou. Ao mesmo tempo que foi grave, foi simples de resolver. Ele fez um rasgo embaixo [do testículo] e drenou”, contou em um vídeo publicado no YouTube, na última sexta-feira (24).
Segundo Maria Paula Del Nero, dermatologista pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), essas “espinhas” localizadas próximas às partes íntimas trata-se, comumente, de foliculite — inflamação do folículo piloso, responsável por produzir o pelo.
“A foliculite é muito comum nas áreas íntimas devido ao aumento de pelos, geralmente pelos grossos. A pele [da região] é mais fina, é muito comum o pelo encravar e parecer uma espinha. Pode infeccionar, a pessoa acha que é espinha, vai lá e espreme”, explica Maria.
Isso pode fazer com que o indivíduo fique mais exposto a uma infecção, já que espremer tanto espinhas quanto foliculite facilita a proliferação de bactérias na ferida aberta.
“Temos a mão contaminada, a unha contaminada, a nossa própria pele tem várias bactérias, e, quando você espreme uma espinha — espreme a pele em qualquer lugar —, faz uma porta de entrada para bactérias dentro do seu organismo e, com isso, [pode] causar uma infecção”, complementa a dermatologista.
O pus é uma forma de o corpo humano reagir a essa invasão de microorganismos. Quanto maior a infecção, maior será o acúmulo de pus.
Porém não são apenas as bactérias que podem facilitar essa ocorrência. Os fungos, vírus e parasitas também podem ser a causa, bem como outras diversas situações.
“A infecção e o acúmulo de pus na região afetada podem estar associados ao calor e à umidade em excesso, como tem ocorrido nesses [últimos] dias. Também podem estar relacionados com alguns alimentos termogênicos, como pimenta, álcool e cafeína, ou com o uso de algum suplemento que estimula as glândulas”, explica o dermatologista Leonardo Abrucio Neto, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
E acrescenta: “Queda de imunidade associada a estresse ou uso de alguma medicação que deprime a imunidade, como quimioterápicos e corticoides, também podem facilitar a inflamação e, depois, a infecção.”
A manipulação da lesão inflamada é o que gera o processo infeccioso, e ele pode se agravar (aprofundar) a ponto de ir para outros órgãos. Por isso é importante evitar fricção e qualquer tipo de trauma na inflamação.
Sinais que podem indicar um processo infeccioso no local, além dos citados anteriormente, são inchaço —– no caso de Eduardo, o testículo estava do tamanho de “uma laranja”, conforme relatado por ele —, vermelhidão e febre.
De forma geral, o ideal é não espremer a espinha, cutucar a foliculite nem tentar retirar de forma bruta o pelo encravado, mas sim aplicar uma pomada antibiótica (ou usar antibiótico oral) e anti-inflamatório no local e esperar a inflamação diminuir.
Há também a possibilidade de fazer compressas com água morna na região.
No caso de pessoas que sofrem muito com a foliculite, uma forma de evitar essa situação é optar pela depilação a laser em áreas íntimas.
Segundo Maria, em caso de infecção grave, a intervenção cirúrgica é feita principalmente para aliviar a dor do paciente com a drenagem do pus. Portanto, a procura por ajuda médica especializada é fundamental.
Porém, de forma geral, a especialista resume que “a recomendação é não espremer ou cutucar espinhas em qualquer lugar da pele”.