No âmbito internacional, um dos episódios que marcou este ano foi a retomada do Afeganistão pelo Talibã . O grupo armado fundamentalista voltou a comandar o país em meados de agosto após quase 20 anos de intervenção dos Estados Unidos.
Antes mesmo de a operação de retirada estadunidense ser concluída, imagens dos afegãos desesperados para deixar o país tomaram as páginas dos jornais em todo o mundo. Pessoas chegaram a se agarrar à estrutura dos aviões, arriscando a vida para fugir do regime.
Esse temor remonta à história do Talibã, que quando dominou o país na década de 1990, aplicou sua interpretação da Sharia, a lei islâmica, e estabeleceu um sistema judicial violento em que mulheres não podiam andar desacompanhadas nem frequentar a escola, acusados de adultério poderiam ser condenados à morte, suspeitos de roubos eram punidos com mutilações, televisão , música e cinema eram coisas proibidas, entre outras opressões.
Dessa vez, o Talibã assumiu um discurso moderado para a comunidade internacional, com promessas de que não haveria vingança para quem trabalhou com o antigo governo ou com forças estrangeiras. Ainda assim, segundo a Agência Brasil, o comportamento da população foi imediatamente impactado. Ruas ficaram vazias, comércios foram fechados e homens e mulheres voltaram a usar vestimentas afegãs tradicionais.
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Em meio a isso, o Brasil usou a diplomacia para receber afegãos. Em outubro, um grupo composto por sete juízas e seus familiares foi acolhido no país em uma operação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). As juízas eram ameaçadas de morte por terem julgado casos envolvendo membros do Talibã.
Saída das tropas americanas
A saída do governo estadunidense do país concluiu um processo iniciado ainda em 2014 pelo então presidente Barack Obama. Seu sucessor, Donald Trump, deu seguimento ao processo, depois finalizado no governo Joe Biden.
Os americanos ocuparam o Afeganistão após o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em setembro de 2001. Na época, os Estados Unidos acusaram o Talibã de abrigar o grupo terrorista Al Qaeda, autor do atentado que provocou a morte de quase três mil pessoas.