Imagem: Luiza Pollo/Colaboração para o UOL

A redução no número de candidaturas femininas conquistou a aprovação de sete dos oito deputados federais do estado do Amazonas, em uma votação realizada nesta quarta-feira (13). O deputado Amom Mandel (Cidadania) foi o único a se opor ao texto-base da minirreforma eleitoral (PL 4438/23).

O texto, elaborado por um grupo de trabalho sob a liderança do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), suaviza as punições para partidos e políticos que cometem irregularidades e abre caminho para que os partidos evitem a cota mínima de 30% de candidaturas femininas nas eleições legislativas. Além disso, a proposta flexibiliza as obrigações relacionadas às prestações de contas, permite doações eleitorais via PIX e regula as candidaturas coletivas.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres têm o domínio populacional do Amazonas, com 1,64 milhão (50,2%) de mulheres. Mas, a política do Amazonas é representada somente por 152 mulheres, vereadoras, prefeitas, vice-prefeitas e deputadas estaduais. Apenas 16% dos parlamentares representantes do estado. Os dados referentes a 2020 e 2022 foram retirados da página TSE Mulheres.

Em uma entrevista ao Portal Amazônia Press, a jornalista e cientista política Liege Albuquerque expressou sua opinião sobre os impactos e o futuro da participação das mulheres na política. Ela destacou que a maioria dos deputados federais parece não desejar uma mudança no cenário atual, mantendo o Amazonas como um dos estados com menor representação feminina na política. “O Amazonas é um dos estados com menor número de mulheres na política, e pelo que se vê, os homens da política, no caso a grande maioria dos deputados federais quer que continue assim”.

Liege também enfatizou a importância da lei de cotas para garantir a presença de candidaturas femininas e expressou preocupação com o retrocesso democrático caso decisões como essa sejam mantidas. No entanto, ela acredita que as mulheres, mesmo em minoria, podem se eleger e ganhar respeito na política, destacando que as que conseguem se eleger normalmente se destacam e são respeitadas.

“Se for à frente, certamente será um retrocesso imenso. Embora a maioria dos partidos ainda não invista nas candidaturas femininas mesmo com cota, imagine sem? E é comprovado, os números de mulheres eleitas têm crescido devagar, mas têm crescido e a lei de cotas é essencial para ‘obrigar’ os partidos a terem candidaturas femininas. Não vejo como retroceder na participação da mulher na política, na crescente participação nos parlamentos. E o maior motivo é que, nacionalmente, as mulheres que conseguem se eleger normalmente se destacam, são ativas e vozes respeitadas”, finalizou.

A luta feminina pelos direitos políticos não se limitou somente no direito de votar, ela continua, é necessário um fomento de iniciativas de educação política,  e os discursos conservadores e ultrapassados que ainda acham que a mulher é inferior ou incapaz para a ação política partidária fique somente no passado.