Em um período de sete anos, em cinco estados a produção de açaí na Amazônia Legal contribuiu para a redução de 45,03% de gás carbônico em todo Brasil. O que quer dizer que quanto maior a produção, mais se  reduz a emissão de CO2 no país.

Está afirmação, faz parte do trabalho de mestrado do economista Leonardo Marcelo dos Reis Braule Pinto. Ele comenta, “A importância da Bioprospecção para desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal: o açaí com base em Saccaro Junior”.

A conclusão partiu do cruzamento de dados da produção de açaí nos cinco estados com maior volume de produção – Amazonas, Pará, Acre, Amapá e Maranhão – com dados da emissão de CO2 no país, de 2007 a 2014.

Todos os dados retirados da base de dados do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) e analisados sob a ótica da regressão linear, que utiliza duas variáveis e compara a relação entre elas, sob a ótica do conceito de bioprospecção: seres vivos em geral que possam ter um potencial econômico e, eventualmente, levar ao desenvolvimento de um produto. 

“Não tem como a produção de açaí gerar um impacto maior porque temos outras atividades econômicas como indústria, comércio, pecuária, entre outros, que são de maior representatividade. O fato é que se estimular essa produção no ambiente amazônico estaremos contribuindo para a diminuição de co2 no país”, explica Leonardo Marcelo Braule Pinto.

Além da redução de CO2 a  dissertação de mestrado também apresenta o impacto da produção de açaí na renda domiciliar per capita dos estados em questão. Para isso, houve a delimitação de tempo de 2012 a 2017, por conta dos dados disponíveis no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O maior impacto foi no Maranhão com 97,7%, logo atrás o Amapá com 96,35%, o Acre com resultado de 80,69%, e o Pará com 78%, que significa dizer que a produção de açaí gera um impacto dessa porcentagem no aumento de renda per capita domiciliar dentro de cada estado.

O conselheiro do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-Am) e pesquisador explica “Quanto mais estimularmos a produção de açaí nessas localidades, temos a chance de aumentar a renda em mais de 78% em cada um deles”.

“No aumento de renda per capita, verificamos que, quanto mais se produz açaí, mais se gera renda domiciliar nos Estados. Como esse é um modelo que utiliza mão de obra nativa, chegamos à conclusão de que a produção de açaí atende aos objetivos do conceito de desenvolvimento sustentável: impacto social positivo, por conta da mão de obra nativa; impacto econômico positivo, porque aumenta a renda per capital; e impacto ambiental positivo, uma vez que diminui a quantidade de co2 no meio ambiente, responsável por cerca de 60% do efeito-estufa”, explica o economista.

Somente no Amazonas a relação encontrada pela regressão linear é negativa. “A ideia base para esse acontecimento é a de que a produção de açaí no Estado perde espaço por não ser competitiva com a produção paraense em termos de logística: tem diminuído a produção pelo farto de ser difícil de se exportar, tornando o produto caro, principalmente por conta do frete, gerando esse desestímulo da produção do Amazonas”, explica Leonardo Marcelo Braule Pinto.

Ele ressalta ainda que nesse mesmo período – 2012 a 2017 – houve aumento de vagas no Pólo Industrial de Manaus (PIM), o que pode ser a causa de um forte êxodo rural, além do aumento do número de vagas em universidades em mais de 30%.

“Essa população deixa a ideia de produzir açaí para ser autônomo, investir no comércio, entre outras variáveis que interferem e não necessariamente é o açaí que gera diminuição na renda”, conjectura. Ele destaca que esse resultado, não esgota o tema, mas busca um aprofundamento em futuras pesquisas.

Segundo Leonardo Marcelo Braule Pinto a ideia era de tentar trazer algo prático para ajudar a solucionar o problema de desenvolvimento amazônico, uma vez que  os recursos naturais integram a base da economia e são finitos.

 “Por conta disso é preciso buscar solução inovadoras e sustentáveis para buscar outras formas de atender as necessidades humanas. Espero que ajude a trazer uma resposta prática do ponto de vista de desenvolvimento sustentável e estimule a ideia de políticas públicas que incentivem a produção do açaí”, afirma.

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