A presidente do Movimento Pardo-Mestiço Brasileiro, Helderli Fideliz Castro, acusou o IBGE e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) de transformar mestiços em indígenas. A fala ocorreu nesta terça-feira (22) na CPI das ONGs.
Helderli afirmou que o IBGE estimulou, durante a coleta de informações do último censo, que as pessoas se declarem indígenas. Herdeli também disse ao membros da CPI que a criação de territórios indígenas pela Funai está inviabilizando áreas produtivas como as de leite em Autazes, de peixes ornamentais em Barcelos e produção de arroz em Roraima, além de afirmar que, assim como o IBGE, a Funai estimula as pessoas que moram nessas áreas a se identificarem como indígenas.
Em 12 anos o número de indígenas no país cresceu quase 89%. São mais de 1.693.535, o que representa 0,83% do total de habitantes. Em 2010, quando foi realizado o Censo anterior, foram contados 896.917 indígenas.
De acordo com a responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes, o aumento do número de indígenas no período é explicado pelas mudanças metodológicas feitas para melhorar a captação dessa população. No Censo Demográfico anterior, o quesito de cor ou raça foi aplicado a todas as pessoas recenseadas no país. Com informações da Agência da Notícia.
Quando elas eram residentes das Terras Indígenas oficialmente delimitadas e se declararam como brancas, pretas, pardas ou amarelas, ou seja, não respondiam que eram indígenas nesse quesito, havia a abertura da pergunta “você se considera indígena?”.
Em 2022, houve a extensão dessa pergunta de cobertura para outras localidades indígenas, que incluem, além desses territórios delimitados pela Funai, os agrupamentos indígenas identificados pelo IBGE e outras ocupações domiciliares dispersas em áreas urbanas ou rurais com presença comprovada, ou potencial de pessoas indígenas.
O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas, Fernando Damasco, explica que além desse fator, houve aumento no número de Terras Indígenas, passando de 505 para 573 entre 2010 e 2022. A CPI presidida pelo senador Plínio Valério (PSDB) tem até o dia 22 de outubro para concluir investigações sobre o suposto uso indevido de recursos públicos ou estrangeiros por parte de ONGs no Brasil.