A conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas – COP27 – é um grande encontro de líderes globais e chefes de países que se encontram para debater temas sobre mudanças climáticas e encontrar medidas de preservação e soluções para os problemas ambientais, além de fechar acordos.
Aconteceu neste mês em novembro de 2022 em Sharm El-Sheikh, no Egito. Embora, este ano, a COP fosse de implementação, de acordos feitos em Cops passadas, como o Acordo de Paris, vimos poucos avanços e acordos realmente efetivos no que tange a mitigação dos efeitos dessas mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis e afetadas pela crise do clima.
Nós, enquanto povos indígenas, estávamos lá, representando os biomas brasileiros e a sociedade civil que não puderam estar nesses espaços, levando para o mundo o saber sagrado ancestral dos povos tradicionais, levantando a bandeira da demarcação de terras indígenas para um futuro ancestral.
Nós mostramos isso para o mundo durante o genocídio dos nossos povos, provando que as terras indígenas são a resposta para a preservação dos biomas. Enquanto vários ataques assolam os nossos territórios, como a grilagem de terras, garimpo ilegal, desmatamentos, queimadas, caça e pesca ilegal, tráfico de drogas e animais, enquanto nossas lideranças indígenas são ameaçadas e nossos guardiões assassinados, nós estivemos segurando o céu.
E, enquanto principais defensores do meio ambiente, entendendo que fazemos parte do bioma e somos uma extensão do território, precisamos garantir nossas vozes quando se fala em justiça climática, porque nós enfrentamos o racismo ambiental e muitas vezes nossos direitos constitucionais são violados na defesa da nossa mãe terra.
No entanto, estar nesse espaço segregador exige ainda muito diálogo; não é porque estamos lá, que somos atendidos, que somos ouvidos por nossos “representantes”; isso não garante ainda que as nossas pautas, de enfrentamento a violência e violações, sejam atendidas conforme as nossas especificidades.
É preciso que nossos representantes indígenas, que conhecem as nossas lutas, estejam nos debates e nos espaços de tomada de decisões; que não estejamos só nas construções – claro que é uma construção – mas para as conferências futuras em que teremos um Brasil mais representativo. É preciso que, nós, povos indígenas, estejamos em todo processo de acordos mundiais de medidas de mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Grandes líderes mundiais voltem os olhos para o ancestral, para construirmos um futuro. Defendemos que não precisamos de intercessores e que nada é para nós sem a nossa presença.