Municípios localizados no interior Estado do Amazonas – como Apuí, Lábrea, Manicoré e Tefé – e no sudoeste do Pará tem sido alvo de queimadas ilegais que encobrem as cidades e outros locais com uma nuvem de fumaça tóxica e poluente que, se juntadas com as altas temperaturas registradas na região nesse período, resultam na piora da situação. As temperaturas registradas no interior do estado são maiores que a sentida em Manaus. O aumento dos focos de incêndio são fruto da mudança climática e do desmatamento.
A região, que concentra há dois anos seguidos o maior número de queimadas na Amazônia, é alvo constante de grileiros, madeireiros e garimpeiros que se aproveitam do tempo seco para abrir novas áreas na floresta já desmatada. Durante essa época de seca, há um aumento no número de queimadas na região – a maior parte delas reflexo da ação do homem. As queimadas e os desmatamentos são monitorados pelas entidades como movimentos de pecuaristas e fazendeiros da região, que buscam ampliar a área de pasto para o cultivo de gados.
Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as cidades registraram temperaturas acima de 36ºC em diferentes dias do mês agosto. No início do mês de agosto, Lábrea registrou 36ºC e no dia 13, os termômetros atingiram os 36,5ºC. O município é conhecido como a rota do desmatamento e de queimadas no estado. A pecuária é uma das principais atividades econômicas da região.
Um morador local, que preferiu não se identificar, relembrou ainda que a população de Lábrea é alvo de focos de queimadas há anos, mas com o aumento das temperaturas nos meses de agosto e setembro a situação tende a piorar. Além disso, exigiu providências das órgãos públicos do Ministério Público do Amazonas (MPAM), Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF) para que tomem as medidas cabíveis que revertam a situação.
“Nós labreenses já sofremos todos os dias com os focos de queimadas e com tudo. Agora nos meses de agosto e setembro a situação só piora. Para população de Lábrea, sofremos muito com as queimadas e o desmatamento. Pricipalmente depois de uma pandemia, devido a questão dos problemas respiratórios”, destacou.
“O mundo todo sofre. Fora a destruição da floresta os animais e todo meio ambiente. Além desse grande fumacê ser prejudicial para as crianças e idosos em geral. Aí fica o questionamento o que as autoridades estão fazendo para mudar essa realidade? Cadê o MPAM, a PF e o MPF? O povo fica se perguntando o motivo da justiça não chegar nessa cidade”, complementou ainda.
Um levantamento do Sistema Detecção de Desmatamento em Tempo Real, por meio do Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), Entre janeiro e julho deste ano os municípios com maior área de desmatamento foram Apuí e Lábrea.
Em setembro de 2021, um grupo de pesquisadores e ambientalistas do Greenpeace sobrevoaram uma área devastada pelas queimadas no município de Lábrea e constataram que a destruição da área era de 107 quilômetros quadrados. O espaço é equivalente a 14.985 campos de futebol.
De acordo com o Greenpeace, o município de Lábrea foi o que apresentou mais focos de calor na Amazônia em 2021. Entre o dia 1º de janeiro e 18 de setembro, foram 2.946 focos de calor registrados em Lábrea.
Focos de incêndio atingem Manaus
A capital amazonense também é afetada. A cidade de Manaus amanheceu no último sábado (20) com a visibilidade diminuída, decorrente dos focos de queimadas registrados nos municípios da Região Metropolitana e também no perímetro rural e urbano da capital, segundo informou a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas). As nuvens de fumaças foram vistas em todas as zonas da capital mesmo após a chuva registrada no dia.
De acordo com a Sema, uma massa de ar polar está influenciando a circulação de ventos no Amazonas, fazendo com que a fumaça de queimadas das regiões Sul e Sudeste do estado, e também do Oeste do Pará sejam transportadas para a Região Metropolitana de Manaus. Levantamento do Inpe aponta que o número de focos de queimadas registradas nos primeiros 15 dias de agosto, no Amazonas, já superam os dados de todos os outros meses de 2022.