SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Militar anunciou que vai reforçar o patrulhamento preventivo na zona sul da cidade de São Paulo e nas garagens das empresas Transwolff e Upbus, que foram alvo de uma operação nesta terça-feira (9) contra a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas, roubos e outros crimes. A operação de segurança não tem data para acabar.

Com o início da Operação Fim da Linha -coordenada pelo Ministério Público de São Paulo com a participação da Receita Federal e da PM paulista-, as duas empresas sofreram uma intervenção municipal. Elas serão administradas por diretores da SPTrans, nomeados pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Apesar de concentrada na região sul e nas garagens, a operação de segurança terá atuação em todo o território da capital. A ação, chamada de Impacto, tem como principal objetivo garantir o fluxo de veículos na cidade.

“Por experiência, sabemos que o crime organizado transmite informações, espalha boatos de que haverá intersecções nas redes, de que haverá queima de ônibus. Essa rede de boatos traz medo para a população e insegurança”, disse o comandante-geral da PM, coronel Cássio Araújo de Freitas. “Por conta disso, [iniciou-se a operação] já de uma forma preventiva -já que não teve nenhum evento [violento]”

A operação do Ministério Público cumpriu quatro mandados de prisão e 52 de busca e apreensão contra dirigentes das duas empresas de ônibus.

Foram presos Luiz Carlos Efigênio Pacheco, dono da Transwolff, e Robson Flares Lopes Pontes, dirigente da Transwolff. Hélio Rodrigues dos Santos, secretário da empresa, foi preso em flagrante por porte ilegal de arma durante as buscas. O dono de um escritório de contabilidade também foi levado.

Outro da operação, no entanto, continua foragido. É Silvio Luiz Ferreira, conhecido como Cebola e considerado uma liderança do PCC. Em 2022, ele foi apontado como dono de 56 ônibus da UPBus.

A reportagem acionou as empresas na manhã desta terça, mas até a publicação deste texto não houve manifestação. A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa dos presos.

Foram expedidos quatro mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão para 39 alvos pessoa física e 13 alvos pessoa jurídica.

Segundo a Receita, diante dos fortes indícios de irregularidades fiscais já identificados, o órgão deu início, durante o cumprimento dos mandados desta terça-feira, a 21 fiscalizações de pessoas físicas e jurídicas.

Suspeitas entre empresas e PCC já foi alvo de operação

As suspeitas de ligação entre líderes da facção criminosa PCC e empresas de ônibus que prestam serviço na capital não são novas. Há dois anos, a Polícia Civil já havia feito operações contra companhias do ramo.

Segundo o delegado do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) Fernando Santiago, responsável à época pela investigação, foram identificados 18 criminosos da facção criminosa com participação na empresa UPBus -que foi alvo da operação desta terça (9).

Um desses chefes era Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, assassinado no final de 2021 no Tatuapé, zona leste paulistana, junto com o motorista Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. Outro sócio da empresa de ônibus, Cláudio Marcos de Almeida, o Django, foi morto no início de 2022.

Para a polícia, as mortes não têm ligação com a empresa de transporte e aconteceram por causa de uma dívida entre Fausta e outro criminoso.