Sem reformas, sem equipamentos e sem insumos básicos, essa é a realidade da maior parte dos hospitais de Manaus. A equipe de reportagem do portal de notícias Amazônia Press está recebendo diversas denúncias sobre o descaso do governo Wilson Lima (UB), na saúde do Amazonas, e em uma delas, foi revelado que existe um esquema de ‘loteamento’ dentro dos hospitais, o que tem causado prejuízos para a população. “O próprio Governo não acaba com esse loteamento da saúde pública no estado do Amazonas, porque a saúde pública é loteada para deputados e empresários, e a população sofrendo, padecendo com esse caos”, declarou um dos denunciantes.
A partir da repercussão da matéria ‘“As pessoas estão morrendo”: deputado Daniel Almeida cobra Wilson Lima e expõe descaso na saúde no Amazonas’, diversas denúncias chegaram a nossa equipe sobre problemas como falta de reformas nos hospitais, equipamentos e até mesmo um esquema de loteamento.
“Existem muitas situações que acontecem nos bastidores da política e da saúde pública, que não são expostas, porque são coisas que não são normais e não são corretas, mas que acontecem porque a gente corre os bastidores, conversa com os trabalhadores, a gente conversa com os gestores, entramos nas unidades de saúde”, afirmou o denunciante, que prefere não ter a identidade divulgada, ao entrar no assunto dos loteamentos.
Para o profissional, a população não sabe, mas, supostamente, cada hospital de Manaus tem um deputado como padrinho ou madrinha, e esse parlamentar é quem decide os gestores da unidade e os contratos que serão fechados, com empresas de sua escolha e preferência.
“No João Lúcio, existe um padrinho, um deputado padrinho, no Delphina existe uma deputada madrinha e assim sucessivamente. Nos outros hospitais ali na área da Cachoeirinha, também tem deputado que é padrinho, ou seja, que manda e desmanda dentro do hospital, que coloca e tira gestores ao seu bel-prazer, e não pessoas capacitadas, que tenham condições realmente de exercer suas atribuições sem prejudicar a população”, pontuou o denunciante.
“São coisas que acontecem nos bastidores, deputados que mandam e desmandam juntamente com empresários que prestam serviços em determinados hospitais de Manaus. Todos sabem dos bastidores, mas ninguém expõe nada. Por quê? Porque não há nada concreto, nada comprovado, mas a gente corre os bastidores conversando com trabalhadores e gestores e sabe quem é quem. A população não sabe, mas determinados hospitais não caminham, não fluem os serviços, por quê? São empresários que já são cartas marcadas para prestar serviços em determinadas unidades, são deputados que colocam e tiram gestores ao seu bel-prazer e todos sabem que isso acontece nos bastidores, mas ninguém faz nada”, completou.
Na conversa com o delator, o homem classificou a gestão do governador Wilson Lima como “péssima” e apontou que o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) deveria reprovar as contas do estado, por não pagar os trabalhadores que atuam nos hospitais, além de mencionar a falta de concursos públicos para atender a alta demanda de pacientes.
“O próprio Governo do Estado não acaba com esse loteamento da saúde pública no estado do Amazonas, porque a saúde pública é loteada para deputados e empresários, e a população sofrendo, padecendo com esse caos, com essa péssima gestão, onde deveria haver concurso público, plano de carreira, licitação para prestação de serviços de maneira correta e todos sabem. O Tribunal de Contas aprova um estado que não paga empresas, que não paga trabalhadores, que não faz licitação de maneira correta, o Tribunal de Contas aprova tudo isso e fica o dito pelo não dito, e quando a gente fala, realmente é esse estardalhaço, como se fosse alguma novidade, mas não é novidade para ninguém”, finalizou.
Mais denúncias
No Hospital e Pronto-Socorro (HPS) Platão Araújo, outra realidade que incomoda pacientes e trabalhadores, são as péssimas condições dos equipamentos e falta de insumos. Conforme o relato de uma profissional que trabalha na unidade e que também prefere ter sua identidade anônima, os leitos comuns foram apenas pintados, mas que apresentam defeitos na hora de usar.
“Então os leitos dos pacientes internados lá Platão são de ferro, muito antigos, e são maquiados, apenas pintados. As alavancas são duras e não dá para elevar cabeceira e fica ruim até para mudar eles posição, um absurdo! Isso faz tempos, nas semi-intensivas, urgência e enfermarias, os que diferem são os da UTI, que são mais modernos. E a pergunta é: por que só nas UTIs é assim? Deveriam ser todos padrão, fora que também faltam alguns insumos”, questionou a trabalhadora.
A denunciante levantou ainda que há sinais de que a administração do Platão Araújo pode estar usando dinheiro público com futilidades, mas que o que é necessário de fato, nunca é tratado como prioridade.
“Ano passado o diretor gastou sabe se lá quanto em dinheiro enfeitando área externa hospital e por que não investir no que está faltando para os pacientes? Ali no hospital a gente vê tantos absurdos desde as equipes profissionais da saúde, mas isso não vem ao caso”, destacou.
O silêncio do Governo
As denúncias são uma fração do grande alerta de um possível colapso que a saúde do Amazonas está caminhando, por esse motivo, nossa equipe de reportagem entrou em contato com o Governo do Amazonas e a Secretaria de Saúde para esclarecer os fatos, mas até a publicação desta matéria, não tivemos resposta.
A equipe de reportagem do portal Amazônia Press garante espaço para que a gestão do governador Wilson Lima possa dar os devidos esclarecimentos à população. Questionamos a existência do esquema de loteamento e o abandono dos hospitais, mas o Governo do Estado segue em silêncio sobre o assunto.
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